Navegadores habilidosos e audaciosos, os vikings expandiram seus horizontes, invadindo, explorando e colonizando territórios distantes
Os Vikings, cujo nome deriva do termo nórdico antigo "víkingar" ou “vikingr” no singular, foram exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas originários do Norte da Europa, especialmente da Escandinávia.
Eles deixaram um legado histórico e cultural marcante em diversas regiões da Europa e do Atlântico Norte entre o Século VIII e o Século XI.
Navegadores habilidosos e audaciosos, os vikings expandiram seus horizontes, invadindo, explorando e colonizando territórios distantes.
Utilizando seus navios chamados "Knǫrr", alcançaram lugares como as Ilhas Britânicas, Ilhas Feroe, Islândia, Groenlândia, Normandia, Mar Báltico e até mesmo a América do Norte.
Suas incursões pelos rios Dnieper e Volga influenciaram a história da Rússia, Bielorrússia e Ucrânia modernas, onde eram conhecidos como væringjar (varegues).
As colônias nórdicas originaram grupos como normandos, nórdicos-gaélicos, russos, faroeses e islandeses, contribuindo para a diversidade cultural e histórica dessas regiões.
Os vikings foram ainda mais longe, chegando ao Mar Cáspio, às regiões do Irã, Daguestão, Azerbaijão e até mesmo à Arábia.
Notavelmente, foram os primeiros europeus a pisar na América, estabelecendo uma breve colônia em Terra Nova, Canadá.
Enquanto difundiam a cultura nórdica pelo mundo, os Vikings também introduziam escravos e influências culturais estrangeiras em sua terra natal, impactando o desenvolvimento genético e histórico na Escandinávia.
Durante a Era Viking, as terras nórdicas unificaram-se progressivamente em três reinos maiores correspondentes aos atuais territórios da Dinamarca, Noruega e Suécia.
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Os vikings falavam norrœnt mál (língua nórdica antiga), registrando suas realizações em inscrições rúnicas e, principalmente, através das Sagas, contadas oralmente de geração e geração. Embora as antigas religiões nórdicas fossem predominantes, muitos se converteram ao cristianismo em determinado momento.
Quanto à etimologia da palavra "viking", ela permanece incerta. A primeira aparição de "wicinga" ocorreu no poema anglo-saxão Widsith, do Século X. Os próprios vikings não usavam o termo, e nas regiões por eles impactadas, diferentes designações eram utilizadas.
Os ingleses os chamavam de dinamarqueses, pagãos ou, menos frequentemente, de vikings. Os francos os designavam como nórdicos ou dinamarqueses. Os irlandeses os denominavam pagãos ou estrangeiros, enquanto na Europa Oriental eram conhecidos como rus ou væringjar.
Indice
• A Era Viking;
• FAQ;
A etimologia da palavra viking
A etimologia da palavra "viking" pode estar associada a "Viken" ou "vik" na Escandinávia, implicando alguém de Viken ou que se escondia em uma "vik”.
Outra hipótese sugere que "vik" derivaria de "vikja" (evitar), considerando a habilidade dos vikings em se esconderem. Uma terceira hipótese propõe que "vik" significava mercador, relacionado ao inglês antigo "wíc" ou ao latim "vicus".
Vale notar que a palavra "viking" pode ter derivado do nórdico antigo "vikingr", embora os próprios vikings não se chamassem assim. Esses escandinavos, parte do povo germânico, começaram a migrar no Século VII devido a superpopulação, problemas internos e motivações comerciais, além da pilhagem.
Nas Kaiserchronik (crônicas dos imperadores ou crônicas germânicas), eram chamados de Ascomanni (homens de madeira), devido às suas embarcações. Nas fontes irlandesas, eram referidos como Gall (forasteiro) ou Lochlannach (nortistas).
Conforme Adão de Bremen, historiador germânico do Século XI, os dinamarqueses usavam o termo "viking", enquanto germânicos os chamavam de "Ashmen”.
A origem escandinava da palavra "viking" pode estar relacionada a "vig" (batalha) ou "vik" (riacho, enseada, fiorde ou baía). Caso contrário, pode ter ligações com a palavra "acampamento", do inglês antigo "wic" e do latim "vicus".
Registros históricos
Os vikings, oriundos da Noruega, Suécia e Dinamarca, bem como seus descendentes, estabeleceram-se em extensas regiões ao longo da costa do Mar Báltico, abrangendo a maior parte da Rússia continental, a Normandia na França, a Inglaterra, além de realizarem incursões nas costas de diversos outros países europeus, incluindo Portugal, Espanha, Itália, Sicília e partes da Palestina.
Antes da expedição de Cristóvão Colombo, os vikings também alcançaram a América, embora sua suposta tentativa de colonizar a costa sudeste do Canadá tenha fracassado.
Estes guerreiros náuticos partiam de suas terras natais na península escandinava, destacando-se por suas incursões de pilhagem, além de estabelecerem colônias e se envolverem em atividades comerciais.
A influência cultural dos vikings se estendeu pelo norte da Europa e por outras diversas partes do continente europeu, sendo notável, por exemplo, na Normandia, França, onde Hrólfr (Rollo) adquiriu terras por meio de um acordo com Charles le Simple (Carlos, o Simples), no Tratado de Saint-Clair-sur-Epte.
Esse território situa-se no norte da França, nas proximidades da cidade de Ruão. Além disso, Eiríkr hinn rauði (Erik, o Vermelho), após ser expulso da Noruega e da Islândia, estabeleceu colônias na Groenlândia, enquanto Leifr Eiríksson, seu filho, explorou o Canadá.
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Contrariando a representação comum, os vikings não utilizavam capacetes/elmos com chifres, mas eram reconhecidos pelo uso de lanças em homenagem ao Óðinn (Odin) e machados. Navegavam em embarcações ágeis, o que facilitava ataques surpresa e rápidas fugas, quando necessárias.
Fontes Primárias
No entendimento da Mitologia Nórdica, as fontes primárias desempenham um papel crucial. Escritas em norrœnt (nórdico antigo), esses tesouros foram predominantemente produzidos entre os Séculos X e XIII.
Representam documentos que preservam a história, práticas, costumes e a visão de mundo dos povos nórdicos.
Essas fontes oferecem uma revelação fundamental da intrincada tapeçaria de crenças, histórias e personagens que compõem esse fascinante corpo de mitos.
A Mitologia Nórdica tem cativado o mundo ocidental ao longo dos séculos, refletindo-se em diversas formas de expressão artística e narrativa literária.
Transmitidos oralmente, por escrito ou visualmente, os mitos contam histórias as quais envolvem deuses, heróis, monstros, a origem do mundo e os elementos da natureza.
Essas narrativas não são apenas fontes de entretenimento, mas também servem como estruturas de sentido, proporcionando explicações sobre o mundo dos homens, dos deuses e do cosmos.
Destaca-se dentre as fontes literárias o Codex Regius, um manuscrito que abriga os poemas da Edda, conhecida como "Profecia da Mulher Sábia".
Documentado como AM 738 4to, tecnicamente chamado de Eddukvæði (Grande Sabedoria da Edda) e popularmente reconhecido como "Edda Poética", esse texto é uma peça-chave para o estudo da Mitologia Nórdica.
Snorri Sturluson, Skáld (mestre em poesia), deixou um legado valioso ao contribuir significativamente para a preservação das práticas poéticas nórdicas, como evidenciado em obras como o Heimskringla (O Globo Terrestre), que registra grande parte da história dos reis escandinavos.
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Além das fontes literárias, as fontes iconográficas, como petróglifos da Idade do Bronze, bracteatas do período das migrações germânicas, estatuetas, pingentes e objetos decorativos, estelas rúnicas e pintadas da Era Viking, plaquetas votivas, monumentos nórdicos e cruzes da área anglo-saxã, oferecem uma visão abrangente da Mitologia Nórdica.
Essas fontes primárias, essenciais para o entendimento da fé nativa e da cultura dos povos nórdicos, possibilitam uma exploração profunda e autêntica da mitologia, história e práticas desses povos. O estudo dessas fontes permite-nos continuar a apreciar e desvendar a rica herança cultural dos nórdicos.
Forn Siðr
Forn Siðr, traduzido do norrœnt como "Antigo Costume", representa a fé nórdica nativa, remontando ao período pré-cristão. Essa tradição religiosa está intrinsecamente conectada aos textos escandinavos fundamentais, como a Edda poética e a Edda em prosa.
A compreensão do desenvolvimento dos costumes religiosos e culturais nórdicos é facilitada por estudos etimológicos e arqueológicos.
Ainda assim, existe um equívoco moderno o qual sugere que todas as práticas religiosas e espirituais pré-cristãs foram totalmente perdidas. Contudo, essa não é a realidade para todas as comunidades.
Embora algumas culturas tenham experimentado uma ruptura significativa, a cultura e a fé nórdicas nunca foram totalmente suprimidas, mesmo com a cristianização ocorrendo na Escandinávia, embora de maneira mais tardia em comparação a outras regiões da Europa.
O termo Forn Siðr foi documentado na Ólafs Saga helga (Saga de Ólafr Haraldsson, o Santo — uma das Sagas Nórdicas), no capítulo 76.
É importante salientar que não é culturalmente correto referir-se aos praticantes do Forn Siðr como "pagãos". Eles devem ser corretamente chamados de "heiðin" (aqueles que honram o costume).
Mitologia Nórdica
A Mitologia Nórdica, também conhecida como mitologia germânica ou escandinava, compreende o conjunto de lendas e crenças dos povos germânicos antigos que habitavam a região da Europa Setentrional.
Essas narrativas buscam explicar a origem do cosmos, a natureza dos deuses, o destino da humanidade e outros fenômenos naturais.
Os nove mundos que compõem a mitologia nórdica são governados e habitados por diferentes seres:
Miðgarðr: terra média é reino dos humanos, equivalente ao plano material. Protegida por Jǫrð, a deusa da terra, e cercada por Jǫrmungandr, a serpente do mundo;
Asgarðr: reino dos deuses Æsir, situado no mundo superior, os céus e guardado por Heimdallr. Seus líderes são Óðinn, o deus supremo e Frigg, a deusa do casamento e da profecia;
Niflheimr: governada por Hel, filha de Loki, corresponde ao reino do gelo e da névoa, habitado pelos mortos indignos e pelos íssjǫtnar;
Vanaheimr: mundo dos deuses Vanir, associados à fertilidade, magia e natureza. Seu líder é Njǫrðr, o deus do mar e da riqueza;
Svartálfaheimr: habitat dos elfos negros ou anões, especialistas na arte da forja. Seu líder é Hreiðmarr, o rei dos anões;
Jǫtunheimr: reino dos jǫtnar, representando as forças caóticas da natureza, com Þrymr como líder, o rei dos íssjǫtnar;
Níðavellir: reino dos anões ou dvergar, localizado nos subterrâneos de Miðgarðr, conhecidos por sua sabedoria e habilidade na metalurgia. Seu líder é Durinn, o mais antigo dos anões;
Múspellsheimr: reino do fogo, habitado pelos eldjǫtnar, liderados por Surtr, o senhor do fogo;
Álfheimr: reino dos elfos ou álfar, seres mágicos de aparência humana e beleza extraordinária.
Alguns dos poderes governantes das religiões nórdicas (Deuses Vikings):
Óðinn: Maior dos deuses nórdicos e pai de todos;
Frigg: Deusa do casamento e da profecia, esposa de Óðinn;
Þórr: Deus do trovão e da força, filho de Óðinn;
Týr: Deus do combate, filho de Óðinn e Frigg;
Víðarr: Deus da vingança, filho de Óðinn;
Freyr: Deus da abundância e irmão de Freyja.
Berserkir
Os Berserkir foram guerreiros misteriosos da literatura escandinava medieval, associados ao deus Óðinn e frequentemente retratados como combatentes furiosos.
Seu nome, relacionado aos "ursos", sugere uma possível conexão com a vida militar dedicada. Os berserkir destacaram-se na Batalha de Hafrsfjörðr, onde demonstram habilidades únicas e uma resistência notável.
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Esses guerreiros têm contrapartes lupinas, os Úlfhéðinn. A ligação espiritual com Óðinn é evidenciada em textos como a Ynglinga saga, onde o deus foi descrito conferindo habilidades especiais aos Berserkir.
A relação entre esses guerreiros e animais como ursos e lobos na batalha permanece enigmática, com sugestões de comportamento ritualístico.
Apesar de sua presença em sagas islandesas como antagonistas, os verdadeiros costumes dos Berserkir são pouco conhecidos, tornando-os figuras fascinantes e misteriosas da mitologia nórdica.
A dualidade religiosa durante a Era Viking
Durante o Século X, a Escandinávia passou por uma mudança religiosa significativa. Enquanto as antigas crenças pagãs dominavam a região, o Cristianismo começou a ganhar influência, especialmente na Dinamarca.
A conversão dos vikings ao Cristianismo foi impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo contatos comerciais, influência política e missões de evangelização.
Os vikings não eram exclusivamente pagãos, muitos adotavam o Cristianismo sem abandonar totalmente suas antigas crenças
Essa dualidade religiosa era evidente nas sagas e nos relatos históricos da época. O encontro entre as antigas tradições pagãs e o Cristianismo resultou em um fascinante sincretismo cultural.
Em dado momento, os vikings passaram a desempenhar um papel significativo na disseminação do Cristianismo para além da Escandinávia. Com rotas comerciais e contatos em diferentes partes do mundo, eles levaram consigo não apenas suas habilidades marítimas, mas também sua nova fé.
Participaram das Cruzadas ao lado de outras nações europeias, com o objetivo de expandir a influência cristã e proteger locais sagrados na Terra Santa. A história revela a complexidade das interações culturais e religiosas durante a Era Viking.
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Embora sejam conhecidos por suas incursões violentas é igualmente importante reconhecer o papel desempenhado pelos vikings na disseminação do Cristianismo e na fusão de culturas.
Runas "Vikings"
As rúnar (runas) são um sistema de escrita e aconselhamento muito importante na cultura nórdica.
A palavra "rún", no nórdico antigo, pode ser traduzida como "conselho". Ao longo da história, as rúnar foram usadas para registrar eventos, contar histórias e oferecer conselhos.
Há um equívoco comum de que as rúnar foram usadas principalmente como oráculos, mas isso não é verdade. As rúnar são, antes de tudo, um sistema de escrita.
Elas têm uma história rica e complexa, com cerca de 2000 anos de registros rúnicos encontrados em pedras, artefatos arqueológicos e documentos históricos.
A sacralidade das rúnar é evidente em seu uso religioso, como atestado no Hávamál e em outros documentos, como o Sigrdrífumál e o Rígsþula.
A Runologia, o estudo acadêmico e linguístico das rúnar é uma parte importante dos estudos das línguas escandinavas. O entendimento da história e da evolução rúnica é a primeira preocupação de um interessado em Runologia.
No uso religioso das rúnar, os Regin (poderes governantes, os Deuses) concedem conselhos, e não "previsões oraculares". O papel oracular na cultura nórdica é realizado pelas völur, mulheres com habilidades mágicas e dons proféticos.
Em resumo, as rúnar são um aspecto fascinante e complexo da cultura nórdica, com uma rica história e uma variedade de usos e significados.
As rúnar são muito mais do que simples símbolos ou ferramentas de adivinhação — são uma parte integral da fé e da história nórdicas.
Expansão e Exploração Viking
Os vikings desempenharam um papel crucial na história da exploração marítima e da própria expansão, indo além das águas familiares dos fiordes escandinavos.
Suas jornadas intrépidas e habilidades comerciais deixaram uma marca duradoura em diversas regiões do mundo. Partindo das terras nórdicas, os vikings se aventuraram para o oeste e estabeleceram-se em locais como a Groenlândia e a Islândia.
Nessas terras distantes, dedicaram-se à caça, à criação de gado e à agricultura, além de estabelecerem prósperas redes comerciais.
A Groenlândia, que compartilhavam com o povo Thule, testemunhou a troca de marfim e produtos de caça por metais, evidenciando as interações culturais e comerciais entre os nórdicos e as comunidades locais.
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A expansão viking não se limitou às regiões do Atlântico Norte. Viajando para o oeste, os vikings chegaram às costas da América do Norte séculos antes de Cristóvão Colombo.
Liderados por exploradores como Bjǫrn Hǫrðólfsson e Leifr Eiríksson, os nórdicos exploraram e estabeleceram acampamentos no Canadá, possivelmente em parte da atual Newfoundland.
No entanto, a tensão com as comunidades originárias e a distância desafiadora entre Newfoundland e a Groenlândia dificultaram a manutenção desses assentamentos.
Antes disso, outras nações vikings realizaram suas próprias expansões em diferentes direções na Europa:
Dinamarqueses: sob reis como Knútr II (Cnut ou Canuto II), estenderam seu domínio para a Inglaterra;
Suecos: navegaram para o leste, estabelecendo o primeiro estado russo e chegando até Constantinopla;
Noruegueses: exploraram as Ilhas Feroe, Shetland, Órcades, Irlanda e Escócia, além de colonizar a Islândia e a Groenlândia.
As incursões vikings na Europa, especialmente a do Grande Exército Pagão — uma das invasões viking, ocorrida na Inglaterra em 865 d.C. —, deixaram uma marca significativa.
Controles temporários sobre territórios ingleses e a fundação de colônias, como a Normandia, exemplificam a complexidade das relações vikings com as regiões que conquistaram.
Essas incursões também se estenderam ao Mediterrâneo, ao mar Cáspio e às costas do “novo mundo”, indicando uma presença viking global.
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Assim, a expansão viking transcendeu fronteiras geográficas, moldando não apenas as terras que conquistaram, mas também influenciando as culturas com as quais interagiram ao longo de suas ousadas jornadas.
A Era Viking
Entre os anos de 793 e 1066 d.C., a Era Viking deixou uma marcante impressão na história, destacando-se pelas atividades dos nórdicos, especialmente os escandinavos.
Originários principalmente da região compreendida pela Dinamarca, Noruega e Suécia, os vikings não constituíam uma "raça" única, mas sim pequenos grupos distribuídos por toda a área.
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Contudo, sua influência não se restringiu à Escandinávia, conforme registros históricos indicando presença viking entre os finlandeses, estonianos e os saamis.
Reconhecidos por suas habilidades marítimas e guerreiras, os vikings empreenderam expedições e estabeleceram colônias em diversas partes do globo, abrangendo desde as Ilhas Britânicas até a Europa Oriental e, surpreendentemente, a América.
Ainda assim, os nórdicos de outrora desempenharam um papel crucial na introdução do cristianismo na Escandinávia.
Entretanto, a Era Viking transcendeu a imagem de invasões e colonizações, revelando uma sociedade complexa e sofisticada. Muitos vikings eram agricultores e pescadores, habitando grandes salões.
A estrutura social envolvia um sistema de redistribuição, no qual o líder arrecadava impostos em troca de proteção e desenvolvimento de infraestrutura. O legado cultural deixado pelos vikings persiste até os dias atuais, celebrado em diversas partes do mundo.
O declínio da Era Viking foi gradual, marcado pela introdução do cristianismo e a formação de nações, o que alterou as estruturas de poder. Muitos líderes vikings migraram para novas regiões, como a Islândia.
O último grande acontecimento desse período foi a conquista normanda da Inglaterra em 1066 d.C., com os normandos sendo descendentes diretos dos vikings que se estabeleceram no norte da França no Século X.
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A Era Viking representou um período de exploração, expansão, comércio e conquista para os nórdicos, cujo legado continua a ecoar na cultura, história e paisagens de diversas partes do mundo.
Declínio
Após décadas de saques, a resistência contra os vikings tornou-se mais eficaz e, com a introdução do cristianismo na Escandinávia, a cultura viking passou por moderações significativas.
As incursões vikings cessaram no final do Século XI. A consolidação dos três reinos escandinavos (Noruega, Dinamarca e Suécia) em substituição aos “diversos reinos vikings” no meio do Século XI também pode ter contribuído para o fim dos ataques.
Os vikings, agora envolvidos nas intrigas políticas que anteriormente os beneficiavam, viram grande parte da energia de seus reis dedicada à governança de suas terras.
A propagação do cristianismo enfraqueceu os antigos valores guerreiros pagãos, sendo os nórdicos “assimilados” pelas culturas com as quais tiveram contato. Os ocupantes e conquistadores da Inglaterra tornaram-se ingleses, os normandos transformaram-se em franceses e os Rus evoluíram para russos.
Os reis da Noruega, agora cristianizada, continuaram a reivindicar poder em partes do norte da Grã-Bretanha e da Irlanda, resultando em algumas incursões no Século XII, contudo, as principais ambições militares dos governantes escandinavos se deslocaram às novas direções.
Em 1107, Sigurðr I da Noruega embarcou para o Mediterrâneo Oriental com cruzados noruegueses para participar das batalhas pelo recém-estabelecido Reino de Jerusalém, enquanto dinamarqueses e suecos se envolveram ativamente nas Cruzadas do Báltico nos Séculos XII e XIII.
Os governantes escandinavos passaram a concentrar seus esforços na unificação dos três reinos sob uma única coroa, culminando na Kalmaríkið (União de Kalmar) no final do Século XIV, porém, essa união terminou com a saída da Suécia no Século XVI, durante o contexto histórico do Renascimento.
Dinamarca e Noruega permaneceram unidas até o início do Século XIX, com o advento da Revolução Industrial. Isso sugere que, além da cristianização, os descendentes escandinavos dos vikings passaram a se concentrar mais em questões internas ou regionais no Norte da Europa.
A escrita dos vikings era baseada nas rúnar (runas), símbolos gravados em pedras, utilizados até o período da cristianização, que promoveu uma fusão cultural e provocou alterações significativas.
Nesse processo de intercâmbio cultural, elementos da cultura cristã foram assimilados pelos vikings, enquanto algumas tradições e concepções da religião viking foram adotadas pelos cristãos, contribuindo para a aceitação do cristianismo pelos vikings.
Um exemplo disso é a "santificação" da festa da deusa Ēastre. Essa festividade, com símbolos como coelhos e ovos, originou os nomes da Páscoa em inglês (Easter) e alemão (Ostern, derivado de uma variação de seu nome, Ostera).
Na Rússia, os vikings eram conhecidos como Væringi (varegues ou varegos) e os guardas escandinavos dos imperadores bizantinos eram chamados de Væringagarðr (guarda varegue). Outros termos utilizados incluem nórdicos e normandos.
Os normandos
Os Normandos, originários da fusão entre os vikings e os habitantes da região da Normandia, no norte da França, emergiram como uma força política e militar influente na Europa medieval.
No final do Século IX, um grupo de vikings estabeleceu-se na foz do Rio Sena, realizando um tratado com o rei franco Charles le Simple (Carlos, o Simples).
Aceitando o cristianismo e a suserania do rei, os Normandos, liderados por Hrolfr (Rollo), conseguiram manter sua autonomia e preservar elementos de sua herança nórdica, enquanto se adaptavam à língua, ao direito e à arquitetura românicos. Essa mistura única de influências moldou a identidade normanda.
Expandindo-se para o sul da Itália, os Normandos envolveram-se em conflitos entre lombardos, bizantinos e sarracenos. Fundaram o Reino da Sicília, que se tornou um importante centro de comércio e cultura no Mediterrâneo.
Os Italo-Normandos, descendentes italianos dos primeiros conquistadores normandos, desempenharam um papel significativo na história italiana do Século XI.
Os normandos também se destacaram nas cruzadas, lutando pela libertação da Terra Santa dos muçulmanos, sendo reconhecidos por sua bravura e habilidade militar.
A conquista mais famosa dos Normandos ocorreu em 1066, quando o duque Guillaume da Normandia, descendente de Hrolfr, reivindicou o trono inglês após a morte do Rei Edward the Confessor (Eduardo, o Confessor).
Na Batalha de Hastings, derrotou o rei anglo-saxão Harold, tornando-se Guillaume le Conquérant (Guilherme, o Conquistador), consolidando seu domínio na Inglaterra, substituindo a nobreza local e influenciando também a Escócia, o País de Gales e a Irlanda.
O legado duradouro dos Normandos reflete-se na história, língua e cultura dos lugares que habitaram.
Contribuíram para a formação de identidades nacionais e regionais, a difusão do cristianismo e feudalismo, o desenvolvimento da arte e arquitetura românicas, enriquecendo o patrimônio europeu.
Sociedade “Viking”
A sociedade viking, especialmente durante a Era Viking era caracterizada por uma forte ligação entre guerra e poder. A guerra e a monarquia eram elementos inseparáveis na Escandinávia medieval.
Durante este período, os povos escandinavos empreenderam grandes movimentos de expansão pela Europa e até mesmo para outras partes do mundo.
O termo "viking" tem um significado próximo de "pirata", indicando mais uma ocupação do que uma etnia. A Era Viking é marcada por atos de pilhagem, saques e pirataria, praticados tanto por homens comuns como por aristocratas e reis escandinavos.
Essa cultura guerreira permeava toda a sociedade, influenciando diversos aspectos da vida, incluindo a constituição do poder monárquico.
Os reis noruegueses da Era Viking são exemplos notáveis dessa relação entre guerra e poder. Eles eram líderes carismáticos, cujo poder era legitimado por meio de atos heroicos e guerreiros.
A guerra era vista como um meio de obtenção de recursos e prestígio, bem como de manutenção desses status. A cultura guerreira era transmitida de geração em geração, com os ideais de coragem e bravura sendo ensinados e valorizados.
Os reis guerreiros da Era Viking (Reis Vikings), como Haraldr Harfager e seu filho Eiríkr blóðøx, são exemplos de líderes que usaram a guerra para conquistar e manter o poder. Eles são lembrados por suas vitórias em batalhas e pela expansão de seus reinos.
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Esses reis emanavam um grande poder simbólico, reforçado por mitos e poesias épicas que legitimavam sua liderança.
O papel da mulher na Era Viking
Muitas vezes negligenciado na história, o papel da mulher durante a Era Viking é um tema complexo, ainda assim é fácil dizer que as mulheres tinham espaço significativo na sociedade da época.
Na realidade histórica, as mulheres vikings não se limitavam apenas às funções tradicionais de fazendeiras, tecelãs e comerciantes; elas também assumiam papéis que evidenciavam sua influência e importância.
Um exemplo notável é o esqueleto "Bj 581", originalmente considerado masculino devido às armas enterradas ao lado dele. No entanto, análises de DNA confirmaram sua identidade feminina, revelando a existência da "Guerreira de Birka".
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Esse achado destaca a presença de guerreiras vikings, desafiando estereótipos preconcebidos.
As leis vikings permitiam que as mulheres possuíssem e administrassem propriedades, como evidenciado em Birka, onde túmulos femininos continham pesos e balanças de comércio.
Esse aspecto revela a participação ativa das mulheres na esfera econômica e administrativa.
Na esfera religiosa, as mulheres eram veneradas como deusas, tal qual Freyja, associada à soberania, abundância, colheita e longevidade. Essa adoração demonstra a reverência e a importância atribuídas às mulheres na mitologia nórdica.
Somam-se a isso, exemplos de liderança feminina que se destacaram na história viking, a exemplo, Æthelflæd, filha de Alfred the Great (Alfredo, o Grande), eleita governante da Mércia, quem contava com a lealdade dos vikings, triunfando em batalhas importantes no início do Século X.
As mulheres na Igreja desempenhavam papéis expansivos e estimulantes, com a vida monástica permitindo que mulheres nobres formassem seus próprios centros de aprendizado.
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Esses exemplos revelam que as mulheres vikings eram guerreiras, proprietárias, administradoras, líderes, desempenhando papéis fundamentais na sociedade e contribuindo para um legado duradouro.
Igualdade de gênero durante a Era Viking
Na Era Viking, a igualdade de gênero floresceu notavelmente, perdurando nas sociedades da Dinamarca, Suécia e Noruega até hoje.
Pesquisas recentes revelaram que a prosperidade dessas nações, em termos de educação, saúde, estabilidade econômica e expectativa de vida, remonta aos Séculos VIII a XI, durante a Era Viking.
A igualdade de gênero não só beneficiou as mulheres, mas também teve um impacto positivo no crescimento econômico e desenvolvimento em geral.
A equidade entre homens e mulheres nórdicos, desde a Era Viking até os dias atuais, destoa significativamente de outras regiões da Europa, especialmente durante a Idade Média.
A conclusão baseia-se na análise de dados do Global History of Health Project (GHHP), que examina esqueletos humanos de mais de 100 sítios arqueológicos nos últimos 2000 anos.
Os especialistas focaram na saúde e nutrição, utilizando os dentes para identificar evidências de desnutrição ou doença na infância. A análise revelou uma notável igualdade nas condições de saúde entre mulheres e homens vikings.
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A utilização do comprimento do fêmur como indicador de saúde e dieta também reforça a ideia de homogeneidade entre homens e mulheres vikings.
A estreita conexão entre a frequência de danos no esmalte dentário e o estado geral de saúde confirma que as mulheres vikings eram altas, fortes e saudáveis, características que contribuíram para a disseminação dos mitos sobre as Valkyrjur (Valquírias).
Entretanto, a pesquisa observa uma mudança no cenário por volta do ano 1000, com a chegada do cristianismo e a formação de cidades.
O surgimento de um sistema de classes, evidenciado em ossadas nas cidades suecas e norueguesas, trouxe desigualdades, especialmente entre homens e mulheres de estirpes distintas. Ainda assim, fora dessas cidades, a igualdade persistiu.
A igualdade fora dos centros urbanos parece ter sido associada à especialização na criação de gado. Enquanto o aumento das colheitas demandava força muscular, tarefa predominantemente realizada por homens, a criação de animais permitiu que as mulheres contribuíssem significativamente para a renda familiar.
Esse papel econômico provavelmente elevou a posição das mulheres na sociedade viking, tornando-as notavelmente prósperas em comparação com suas contemporâneas da Europa Medieval.
A sociedade viking se destaca como um exemplo notável de igualdade de gênero. O legado deixado pelas mulheres escandinavas durante a Era Viking continua a influenciar positivamente as sociedades contemporâneas da Dinamarca, Suécia e Noruega, contribuindo para sua prosperidade e estabilidade econômica.
Arte Viking
A arte nórdica da Era Viking é um reflexo fascinante da cultura e da cosmovisão dos povos escandinavos durante a Idade Média.
Ela é caracterizada por uma variedade de formas e motivos, muitos dos quais são inspirados pela mitologia nórdica e pela natureza.
Os estilos artísticos vikings evoluíram ao longo do tempo. Os primeiros estilos, como o Oseberg, são caracterizados por animais entrelaçados e formas geométricas. Estilos posteriores, como o Urnes, apresentam animais mais estilizados e detalhados.
Os motivos comuns na arte viking incluem animais míticos, como dragões e serpentes, bem como deuses e heróis da mitologia nórdica. Fora isso, a arte viking frequentemente retrata cenas de batalhas e viagens marítimas, refletindo a importância da guerra e da exploração na cultura viking.
A arte viking teve uma influência duradoura, inspirando uma variedade de movimentos artísticos modernos. Por exemplo, o revivalismo viking do Século XIX que embalou o ressurgimento do interesse pela arte e cultura viking.
Por favor, note que este texto é uma visão geral e pode não refletir todas as nuances e complexidades da arte viking.
Alimentação na Era Viking
Um aspecto importante dos nórdicos da Era Viking é a alimentação, que refletia as condições geográficas, climáticas e sazonais da região.
A dieta viking era baseada principalmente em produtos de origem animal, como carne, leite, queijo, manteiga, ovos e mel.
Eles criavam animais domésticos, como vacas, ovelhas, cabras, porcos, galinhas e patos, caçavam animais selvagens, como alces, veados, ursos, lobos, raposas e lebres.
Os vikings também pescavam peixes, como salmão, arenque, bacalhau e truta, e coletavam frutos do mar, como mariscos, ostras, mexilhões e caranguejos.
Os nórdico de outrora consumiam produtos de origem vegetal, como cereais, legumes, frutas e ervas. Eles cultivavam trigo, cevada, aveia e centeio, fazendo pão, mingau, cerveja e hidromel.
Eles também plantavam ervilhas, feijões, nabos, cenouras, repolhos, alhos, cebolas e alfaces, também colhiam frutas silvestres, como amoras, framboesas, mirtilos e morangos. Eles usavam ervas aromáticas, como endro, salsa, tomilho, alecrim e hortelã, para temperar os alimentos e fazer chás.
Os vikings se alimentavam de forma simples, mas variada, aproveitando os recursos disponíveis em cada estação do ano. Eles também preservavam os alimentos por meio de técnicas como salga, defumação, secagem e fermentação para garantir o abastecimento durante o inverno.
A alimentação viking era nutritiva e equilibrada, fornecendo energia e saúde para um povo guerreiro e aventureiro.
Os navios vikings
Os navios Vikings desempenharam um papel fundamental na história e na expansão dos povos nórdicos durante a Era Viking.
Essas embarcações icônicas não eram apenas meios de transporte, mas sim símbolos de inovação, poder e identidade para os escandinavos da época. A construção dos navios vikings representou um marco tecnológico e naval.
Inicialmente, os escandinavos utilizavam barcos a remo, construídos no estilo clínquer, onde os pilares de proa e popa eram adicionados primeiro, seguidos pela instalação das tábuas lateralmente.
A ausência de moldes sugere uma construção baseada em habilidade artesanal, onde os construtores, possivelmente os próprios idealizadores do navio, uniam as tábuas sem o auxílio de estruturas predefinidas.
Com o tempo, a construção evoluiu, encurtando as tábuas e aprimorando as quilhas para a fixação de mastros. Mudanças estruturais como a deslocação do leme para estibordo demonstram uma melhoria na eficiência e no controle dos navios.
Essas inovações não apenas aprimoraram a funcionalidade das embarcações, mas também as tornaram elementos marcantes na cultura e na sociedade nórdica.
A indústria têxtil desempenhou um papel crucial no aprimoramento dos navios vikings. A capacidade dos escandinavos em trabalhar com lã e linho permitiu a adoção eficaz da vela, uma inovação tecnológica “disruptiva”.
As velas não apenas impulsionaram os navios de maneira mais eficiente, como expandiram as fronteiras geográficas dos vikings, possibilitando viagens mais longas e exploratórias.
A indústria têxtil não se limitava apenas à navegação. Os escandinavos eram habilidosos em produzir roupas, tapetes e tendas, utilizando tecidos de alta qualidade.
A importância dos navios viking vai além da mera funcionalidade marítima. Essas embarcações eram versáteis e adaptavam-se aos diferentes propósitos.
Desde os elaborados navios funerários, como o Gokstad, até os longos navios — ideais para incursões e comércio —, os vikings construíam suas embarcações sob medida para enfrentar os desafios que encontravam.
Os navios vikings desempenharam um papel sem igual nas conquistas territoriais dos nórdicos. A partir dos ataques a Lindisfarne até as explorações mais distantes nas Américas, essas embarcações foram os veículos que possibilitaram a expansão e a influência dos vikings em terras estrangeiras.
O legado dos navios vikings é evidente nos rituais de enterro. Os escandinavos enterravam seus líderes em navios, indicando não apenas a importância dessas embarcações em vida, mas também em sua jornada após a morte.
Os montes funerários, cuidadosamente construídos ao redor dos navios, representavam rituais simbólicos e testemunhavam a habilidade marítima lendária dos vikings.
Os navios vikings transcendem sua função prática como meios de transporte, tornando-se testemunhos tangíveis da engenhosidade, habilidade artesanal e ousadia dos nórdicos. Marcaram uma era.
Navios funerários vikings
Os "enterros em navio" eram práticas funerárias peculiares da Era Viking, como evidenciado pelos recentes levantamentos arqueológicos realizados em Hjarnø, Dinamarca, no famoso cemitério de Kalvestene.
A pesquisa liderada pelos arqueólogos da Flinders University lançou luz sobre as configurações únicas desse local, cuja importância transcende sua modesta dimensão.
O campo da sepultura de Kalvestene é notável por suas representações de navios funerários, conforme retratado em desenhos do Século XVII pelo renomado antiquário Ole Worm.
Enquanto as ilustrações de Worm exibem mais de 20 configurações de navios no local, os arqueólogos identificaram duas novas áreas elevadas que podem corresponder a essas representações.
Uma delas parece ser um navio típico, enquanto a outra permanece ambígua, aguardando escavações e pesquisas adicionais para uma compreensão mais precisa.
A singularidade de Kalvestene destaca-se ao contrastar com outros locais funerários dinamarqueses contemporâneos, que geralmente apresentam configurações circulares, ovais ou triangulares de pedra.
Em vez disso, Kalvestene exibe semelhanças marcantes com sítios do sul da Suécia, suscitando questionamentos sobre possíveis conexões entre as duas regiões.
O cemitério de Kalvestene é repleto de monumentos que, segundo a lenda, honram o Rei Hiarni, que ascendeu ao trono após compor um poema emocionante sobre a morte do antigo rei derrotado em batalha na ilha.
Apesar de seu tamanho modesto, a ilha de Hjarnø era notável na Escandinávia medieval, pois os navios tinham que navegar até lá para alcançar um importante centro comercial em Horsens.
Artefatos de um tesouro descoberto em 2017 sugerem visitas de comerciantes estrangeiros, aumentando ainda mais o prestígio do local.
Os "enterros em navio" têm sido interpretados como símbolos religiosos, conectando os vikings à Mitologia Nórdica e, especialmente, ao Deus Njord. O navio, ou Skidbladnir, símbolo do deus, controlava o vento e o clima, sendo homenageado pelos vikings para garantir condições favoráveis de navegação.
A pesquisa em Hjarnø combinou dados medievais, aerofotogrametria e LiDAR para entender a singularidade da construção adaptada às condições específicas da comunidade da pequena ilha.
Embora não tenha oferecido uma compreensão conclusiva das origens de Kalvestene, o estudo destacou a importância de integrar fontes críticas, análises e dados arqueológicos para aprofundar nossa compreensão desses locais históricos.
Navio de Oseberg
No coração da Fazenda Oseberg, perto de Tønsberg, Noruega, repousa o testemunho imponente de uma era esquecida.
O maior túmulo viking já descoberto não acolheu um guerreiro destemido, mas sim duas mulheres, cujas identidades ainda flutuam no mistério das ondas do tempo.
Uma delas, possivelmente uma rainha, pois detinha o privilégio de uma despedida majestosa, gravada na história pelos vestígios de sua última morada: o navio.
Em 834 d.C., essas mulheres, enigmáticas em vida, embarcaram em sua jornada para o além. A mais velha, aproximadamente com 75 anos e a mais jovem com cerca de 50, repousam em um navio funerário que se tornou o epítome da grandiosidade na morte viking.
Seus papéis exatos na sociedade viking permanecem um quebra-cabeça, com especulações que variam de líderes políticas a sacerdotisas veneradas.
O mistério que envolve as duas mulheres de Oseberg é intensificado pelo esplendor de seu enterro. Os bens que as acompanham sugerem uma posição de destaque na sociedade viking, talvez até mesmo a realeza.
Entre as teorias, destaca-se a possibilidade de que a mais velha seja a lendária Rainha Åsa, avó de Haraldr I, o primeiro rei unificador da Noruega. Outros vislumbram a presença de uma sacerdotisa poderosa, cujo legado transcendeu a fronteira entre os mundos.
O navio em que foram enterradas é uma testemunha silenciosa da importância atribuída à partida para o além. Enquanto muitos vikings eram sepultados com seus pertences favoritos, os mais abastados eram conduzidos ao reino dos mortos em navios majestosos.
Os navios funerários, variando em formas e propósitos, eram uma manifestação da riqueza e status do falecido. Entre os itens que adornavam o túmulo de Oseberg, destaca-se uma carruagem esculpida, uma obra-prima única da Era Viking.
A descoberta do navio em 1903 por um fazendeiro trouxe à luz não apenas uma tumba, mas uma cápsula do tempo viking.
Construído quase inteiramente em carvalho, o navio de Oseberg testemunhou os rituais elaborados que marcavam a passagem para a vida após a morte. De Shetland à Rússia, navios funerários ecoam a tradição viking, onde os enlutados celebravam rituais que transcendiam o mundano.
O Navio de Oseberg permanece como uma testemunha das mulheres que desafiaram as narrativas convencionais da Era Viking.
Em sua última viagem, elas navegaram nas ondas eternas da memória, a bordo de um navio que se tornou um elo entre o passado e o presente, contando a história de mulheres que desafiaram os limites do tempo e do poder.
Tipos de navios vikings
Os Vikings foram mestres na construção naval, desenvolvendo diversos tipos de navios que se destacavam por sua versatilidade e eficácia. Entre os variados modelos utilizados pelos Vikings, destacam-se a Fǫrœingr, a Knǫrr, as Langskip e a Byrdingr, cada uma com suas características distintas.
Fǫrœingr
A Fǫrœingr, um pequeno barco aberto com dois pares de remos, tem uma história que remonta à Era Viking. Comum nas comunidades de construção naval no oeste e norte da Escandinávia, ainda é utilizado hoje.
Essas embarcações, “costuradas” e sobrepostas, eram empregadas para navegação costeira, pesca, comércio e para fins pessoais. Algumas Fǫrœingrs carregavam uma pequena vela quadrada, além dos remos.
Uma variação da Fǫrœingr é a Fimmborðingr, também uma embarcação aberta, clinked e de madeira, utilizada para pesca e transporte. Alguns exemplares de Fǫrœingr foram descobertos por arqueólogos e estão em museus navais na Europa.
Os Vikings, conhecidos por enterrarem seus líderes em barcos, realizaram notáveis sepultamentos, como o da Fǫrœingr de Gokstad, parte do famoso sepultamento do navio Gokstad, datado do Século IX e exposto no Museu do Navio Viking em Oslo.
Knǫrr
Os Knǫrr eram navios principalmente destinados ao transporte de carga, incluindo marfim de morsa, trigo, madeira, lã, mel e escravos.
Eram as embarcações mercantes dos Vikings, robustas e impulsionadas por velas, com remos utilizados apenas em águas sem vento.
Utilizados em longas viagens pelo Mar Báltico e Mar Mediterrâneo, os Knǫrr podiam transportar uma carga considerável e enfrentar vastas extensões de oceano aberto. Diferentemente dos navios de guerra viking, os Knǫrr tinham cascos mais largos e profundos para acomodar carga e dependiam mais das velas do que dos remos.
Descoberto em 1962, o bem-preservado Knǫrr Skuldelev, encontrado em um canal no Fiorde de Roskilde, na Dinamarca, destaca-se entre os achados arqueológicos e está exposto no Museu do Navio Viking de Roskilde.
Langskip
Os Langskip, considerados as melhores embarcações dos vikings, eram utilizados para exploração, guerra e comércio. Com um design alongado e estreito, podiam navegar em águas rasas e em condições adversas.
Velozes e versáteis, essas embarcações eram símbolos de poder e propriedade dos mais abastados.
Os Langskip eram classificados em quatro tipos: Karvi, Snekkja, Skeid e Drakker:
Karvi: de tamanho relativamente pequeno, era empregado para pesca, comércio e transporte de mercadorias;
Snekkja ou "skip": era o mais comum, adequado para combates no mar e águas profundas;
Skeid: um dos maiores navios Viking, destinava-se à guerra, com mais de 30 remos;
Drakker, ou "drakkar": era decorado com esculturas intimidadoras.
Byrdingr
A Byrdingr era uma embarcação de carga leve e ágil, mais manobrável que o Knǫrr. Com uso predominante de remos, era capaz de navegar em águas profundas, transportando mercadorias e seus mercadores. Com o advento dos navios redondos do sul e a cristianização, a Byrdingr perdeu popularidade.
Assim, os Vikings dominaram os mares com uma variedade de navios que atendiam às suas diversas necessidades, desde comércio até exploração e guerra. Essas embarcações, com suas características únicas, contribuíram significativamente para a reputação e legado marítimo dos Vikings.
Desmistificando os vikings
Ao abordar a complexidade da cultura viking é imperativo desvincular a realidade histórica dos estereótipos perpetuados ao longo dos anos.
Este conjunto de mitos, muitas vezes provenientes de interpretações errôneas ou influências artísticas românticas, obscurece a compreensão precisa desse povo intrépido. Vamos desmistificar algumas concepções equivocadas sobre os vikings:
Vikings eram um povo
O termo "viking" inicialmente referia-se a atividades marítimas, não a uma etnia. Rotular indiscriminadamente todos os habitantes da Escandinávia entre os séculos VIII e XI como vikings é impreciso.
O termo deveria ser reservado para aqueles que se engajavam em expedições marítimas, não como uma designação étnica.
Elmo viking com chifres e asas
A representação estereotipada dos elmos vikings adornados com chifres ou asas originou-se de influências românticas do Século XIX.
Essa imagem fantasiosa não tem base histórica ou arqueológica. Tentativas modernas de associar os chifres a ataques a igrejas são igualmente infundadas.
Nórdicos bebiam em crânios
A ideia de que os nórdicos bebiam em crânios, derivada de fontes literárias e mitológicas, não encontra respaldo na história, arqueologia ou documentação.
Representações contemporâneas, como na série Vikings, perpetuam esse estereótipo sem fundamentação histórica.
Convivência com o período feudal
A imagem dos nórdicos atacando castelos e interagindo com a sociedade feudal é um clichê fantasioso da literatura. O feudalismo não atingiu a Europa Setentrional até o século XI, desmentindo a convivência retratada em algumas obras.
Nórdicos não usavam arco e flechas
Apesar de não ser a técnica principal, evidências arqueológicas e literárias comprovam que os nórdicos também utilizavam arco e flechas em combate, desmistificando a ideia de que dependiam exclusivamente de espadas e machados.
Nórdicos brutos e descomunais
A representação exagerada dos nórdicos como brutais e descomunais foi uma construção do Século XIX. Essa imagem distorcida influenciou a ficção moderna, criando estereótipos físicos e comportamentais injustificados.
Machado escandinavo gigantesco com duas lâminas
A representação de machados vikings com duas lâminas é um equívoco artístico. Na realidade, os machados de mão e de batalha tinham apenas uma lâmina. Machados duplos surgiram após o período viking.
Nórdicos utilizando martelos em batalhas
A associação dos nórdicos a martelos de batalha decorre de representações mitológicas de Thor. No entanto, não há evidências históricas de martelos de batalha na Era Viking.
Embarcações com escudos e remos
A representação dos nórdicos chegando à América em drakkars é imprecisa. Para viagens transoceânicas, eles utilizavam Knǫrr, embarcações diferentes, sem escudos laterais e remos.
Todo viking era pagão
Apesar da predominância do paganismo na Era Viking, existiram vikings cristãos, como Leifr Eiríksson e Olav Tryggvason, demonstrando a diversidade religiosa desse povo.
Incursões na América do Sul
A ideia de incursões vikings na América do Sul carece de respaldo histórico e arqueológico, sendo um mito do Século XIX sem fundamento.
Vikings utilizando balestras
A representação de vikings usando balestras na Alta Idade Média é uma anacronia. Não há evidências históricas ou arqueológicas de seu uso pelos nórdicos durante a Era Viking.
Ao desmistificar esses conceitos, podemos apreciar a complexidade e diversidade da cultura viking, indo além dos estereótipos simplificados que foram transmitidos ao longo do tempo.
Considerações finais
Os vikings, povo nórdico originário da Escandinávia, desempenharam um papel significativo ao longo da História, deixando um legado duradouro.
No período compreendido entre os Séculos VIII e XI, esses guerreiros marítimos prosperaram em incursões ousadas, explorando terras distantes, estabelecendo rotas comerciais e até mesmo chegando à América do Norte, séculos antes de Cristóvão Colombo.
O início da Era Viking foi marcado por incursões esporádicas e incertas, mas à medida que o tempo avançava, esses povos se tornaram uma força formidável, estabelecendo assentamentos, como Dublin e Kiev, e interagindo intensamente com outras culturas, como os anglo-saxões e os francos.
O ápice dessa era foi representado pelas incursões na Inglaterra, França e outros pontos da Europa, onde os Vikings exerciam influência política e cultural.
No entanto, o período viking chegou ao seu fim com a cristianização progressiva da Escandinávia e a formação de reinos mais estáveis. A exploração marítima cedeu lugar ao comércio, e muitos vikings se integraram às sociedades europeias que antes saqueavam.
O fim da Era Viking, porém, não significou o esquecimento de sua contribuição para a história.
O legado dos vikings perdura em muitos aspectos da cultura moderna. Além das sagas épicas que registraram suas façanhas, a linguagem, o direito e a tradição naval nórdica continuam a influenciar as sociedades escandinavas.
A mitologia nórdica, rica em deuses, heróis e criaturas místicas, também deixou uma marca indelével na literatura e na arte. Além disso, a expansão viking contribuiu para a formação de uma rede comercial europeia e estabeleceu bases para futuras explorações.
Os Vikings transcenderam seu período de auge e declínio para se tornarem um componente vital da história europeia e mundial. Sua coragem, habilidades marinhas e legado cultural continuam a fascinar e inspirar, destacando a duradoura importância dos vikings na narrativa da civilização humana.
FAQ
1) Quem foi o povo viking?
Conhecidos por sua destreza marítima, os vikings eram navegadores, comerciantes, exploradores e guerreiros intrépidos. Entretanto, diferentemente do que muitos pensam, o termo viking não se refere a uma etnia específica, mas sim a uma atividade: incursões e expedições marítimas, tal qual explica o Prof. Johnni Langer, uma das principais autoridades brasileiras sobre a Era Viking:
O termo viking é originário do nórdico antigo “vikingr”, que era utilizado para referir-se a mercenários e piratas. Contudo, essa não era uma expressão utilizada pelos vikings para referirem-se a si mesmos como povo, e seu uso em referência aos nórdicos desse período somente foi popularizado na Europa a partir do Século XVIII.
Os vikings empreendiam viagens longas e perigosas pelo Atlântico Norte, chegando a lugares distantes, como a Islândia, Groenlândia, Ilhas Faroé, Escócia, Inglaterra, França, entre outros territórios.
2) Qual foi o maior viking que já existiu?
Identificar o "maior" viking é uma tarefa difícil, pois muitos indivíduos notáveis surgiram ao longo da Era Viking, tais como:
Harald Fairhair (Haroldo Cabelo Bonito ou Haraldr hárfagri em nórdico antigo), o primeiro Rei da Noruega; Rurik (Rodrigo de Ladoga ou Hrærekr em nórdico antigo), o “fundador” da Rússia; Sweyn Forkbeard (Sueno Barba-Bifurcada ou Sveinn tjúguskegg em nórdico antigo), quem conquistou a Inglaterra; Cnut the Great (Canuto II, o Grande ou Knútr inn ríki em nórdico antigo), que uniu a Inglaterra, Dinamarca e a Noruega, tornando-se o rei europeu mais poderoso de sua época, tendo seu território conhecido como o Reino do Mar do Norte.
Leia também: 7 Reis Vikings e suas conquistas
No entanto, atualmente, há um nome que se destaca entre os mais famosos e influentes vikings da história no imaginário popular, o lendário Ragnar Lothbrok/Lodbrok (Ragnar Calças Peludas ou Ragnarr Loðbrók em nórdico antigo).
Porém, Ragnar não foi um homem real, embora seja mencionado na História Danesa (Gesta Danorum) de Saxo Grammaticus, na Saga de Ragnar Lothbrok (Ragnars saga Loðbrókar), na Saga dos Filhos de Ragnar (Ragnarsson þáttr), e no poema Krakumal, a exceção da História Danesa de teor semilendário, as demais obras são consideradas ficcionais.
3) Qual é o país dos vikings?
Os vikings se originaram na região da Escandinávia, especialmente na Suécia, Dinamarca e na Noruega. Por outro lado, os nórdicos da Era Viking se espalharam por toda Europa e além, criando cidades e fundando países, a exemplo da Islândia e da Groelândia.
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4) Em que ano foi a Era Viking?
A cronologia mais aceita para a Era Viking é a inglesa, a qual começa em 793 d.C., ano do primeiro ataque registrado às Ilhas Britânicas, mais especificamente em 08 de junho com a pilhagem do mosteiro de Lindisfarne, culminando em 1.066 na batalha de Stanford Bridge, quando os vikings liderados por Harald Hardrada (Haroldo, o Duro ou Haraldr harðráði em nórdico antigo) foram derrotados e “explusos” da Inglaterra.
Leia também: 8 datas vikings que você precisa saber
5) Quem foi Ragnar na vida real?
Ragnar Lothbrok é um personagem controverso da história nórdica. Baseado em relatos literários como a Saga de Ragnar Lothbrok e a História Danesa, acredita-se que ele tenha sido um lendário guerreiro e rei que realizou grandes feitos.
Segundo essas fontes, Ragnar foi um rei da Noruega e da Dinamarca, conhecido por seus casamentos com Lagertha (Hlaðgerðr em nórdico antigo) e Thora Borgarhjört (Þóra Borgarhjǫrtr em nórdico antigo), além de ter tido vários filhos. Todavia, a veracidade dessas histórias é questionada, e muitas das informações sobre a vida de Ragnar são consideradas fictícias.
Na série Vikings, Ragnar é retratado como um fazendeiro de origem camponesa que se torna rei da Noruega e lidera invasões vikings na Inglaterra e na França. Embora a série se baseie na lenda de Ragnar Lothbrok, muitos eventos e personagens são ficcionais ou têm uma cronologia histórica imprecisa.
6) Quem foi o último viking do mundo?
Identificar o último viking do mundo é um desafio, para não dizer impossível, pois não existe um consenso sobre quem teria sido especificamente essa pessoa. No entanto, considerando a Era Viking, acredita-se que Harald Hardrada — também conhecido como Harald III da Noruega — tenha sido um dos últimos líderes vikings relevantes.
Harald Hardrada viveu no Século XI e foi um renomado guerreiro, líder militar e Rei da Noruega. Ele participou de várias campanhas militares, incluindo incursões na Inglaterra, no Império Bizantino e em outros lugares. Sua morte em 1066, na Batalha de Stamford Bridge, marcou o fim de uma era de expansão viking e do poder viking na Europa Ocidental.
Embora não possamos determinar com certeza quem foi o último viking individualmente, Harald Hardrada é frequentemente considerado um dos últimos grandes vikings da história.
Leia também: Harald Hardrada, o último grande viking
7) Quem foi o viking mais temido da história?
Provavelmente a melhor resposta para esta pergunta é Harald Bluetooth (Haroldo Dente-Azul ou Haraldr Blátǫnn em nórdico antigo), um rei viking dinamarquês que governou no Século X.
Ele é conhecido por ter unificado a Dinamarca e introduzido o cristianismo no país. Embora ele seja mais reconhecido por seus feitos políticos e religiosos, Harald também era um guerreiro formidável e liderou expedições militares em diversas áreas.
A reputação de Harald como um viking temido vem de sua habilidade militar e sua capacidade de conquistar territórios. Ele estabeleceu uma forte presença na Escandinávia e expandiu seu poder por meio de incursões em áreas como a Noruega e a Inglaterra. Seus ataques eram conhecidos por sua ferocidade e habilidades táticas, o que lhe rendeu respeito e temor entre seus inimigos.
Uma curiosidade; Harald serviu de inspiração para nomear uma famigerada tecnologia moderna sem fio, o Bluetooth.
8) Como eram os vikings na vida real?
Embora pareçam fascinantes, nem todos os estereótipos sobre os vikings são precisos, pois, apesar de também terem sido guerreiros e saqueadores, em sua maioria, eles eram comerciantes, pescadores e agricultores. Sua cultura era rica e complexa, e seu legado se estende até hoje
Leia também: Os 12 maiores equívocos sobre os vikings
9) O que aconteceu com o povo viking?
Os vikings passaram por grandes transformações durantes os séculos da Era Viking, como a conversão gradual ao cristianismo durante o Século X; o fim das invasões e da expansão; a unificação dos reinos, culminando na formação das nações da Suécia, Dinamarca e a Noruega; Colonização e exploração, com os vikings estabelecendo assentamentos nas Ilhas Britânicas, na Islândia, na Groenlândia e até mesmo em áreas da América do Norte, como L'Anse aux Meadows, no Canadá. No entanto, essas colônias vikings tiveram diferentes destinos, com algumas sendo abandonadas e outras assimiladas por culturas locais.
Somam-se a isso, as mudanças sociais e culturais, alavancadas pela conversão ao Cristianismo e pela adoção de uma estrutura política mais centralizada. Os antigos costumes e tradições foram gradualmente substituídos por novas normas sociais e instituições governamentais, embora muitos aspectos da cultura viking tenham sido preservados e influenciado a cultura escandinava.
10) Qual era a altura média de um viking?
Os homens vikings na Islândia e na Noruega tinham uma altura média de 1,72 m, enquanto as mulheres tinham uma altura média de 1,58 m. Já os vikings que viviam na Suécia eram mais altos, com homens medindo em média 1,76 m.
É importante observar que essas estimativas são baseadas em restos de esqueletos e pode haver variações individuais. No entanto, em comparação com os seus contemporâneos, os vikings pareciam ser mais altos, segundo relatos da época, como os Anais de Fulda e Ibn Fadlan.
Este texto foi parcialmente criado com Inteligência Artificial. Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um site dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
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