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Como os navios vikings eram construídos? Qual é o seu legado?

Os navios Vikings são artefatos icônicos. A construção dos navios vikings, a inovação do velejar e o ritual de enterrá-los oferecem uma visão das misteriosas prioridades dos nórdicos de outrora.


Como os navios vikings eram construídos? Qual é o seu legado?
Navios vikings historicamente recriados. — Crédito da Imagem: Viking Ship Museum, Roskilde

Índice


Em 793 d.C., os monges de Lindisfarne assistiam horrorizados enquanto homens assustadores invadiam o seu local sagrado. Eles estavam sob ataque! Havia rumores de piratas em Kent, mas essa era a primeira vez que esses monges se deparavam com os vikings. Os invasores pilharam tudo o que era valioso, deixando um rastro de sangue para depois retornarem aos seus incríveis navios e partirem.


Essas belas embarcações levariam os vikings pela Europa, Báltico e Oriente Médio, permitindo que os nórdicos estabelecessem portos comerciais e conquistassem reinos estrangeiros.


Saiba mais sobre a Era Viking, ouvindo o episódio do Viking Cast sobre o tema:



Ou aprenda sobre os vikings, lendo uma das obras da Livraria Especializada Livros Vikings.


Os navios também permitiriam que os vikings colonizassem a Groenlândia e a Islândia. Eram sempre os navios que levavam os vikings adiante. Os navios representavam a inovação tecnológica e tornar-se-iam monumentos aos líderes honrados, garantindo o icônico legado.


Os Vikings permanecem famosos por seus navios, mas a Escandinávia testemunhou as construções e os enterros de navios antes mesmo da Era Viking. Rodeados pelo mar e salpicados por lagos, riachos e fiordes, os povos da Dinamarca, Noruega e Suécia naturalmente se adaptaram a vida náutica.


Uma reconstrução digital do navio Hjortspring da idade do ferro, descoberto na Dinamarca. — Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
Uma reconstrução digital do navio Hjortspring da idade do ferro, descoberto na Dinamarca. — Crédito da Imagem: Wikimedia Commons

Os arqueólogos encontraram navios funerários da Idade do Ferro na Dinamarca e na Noruega. Os escandinavos passaram a enterrar mais indivíduos em barcos durante os Séculos V e VI. Descobertas na Inglaterra e no Mar Báltico Ocidental indicam que os enterros em navios não eram exclusividade da Escandinávia. Embora a origem exata desta tradição ainda não tenha sido determinada, o navio construído com tábuas mais antigo já encontrado no norte da Europa é o Barco de Hjortspring, que data do início da Idade do Ferro.


A escavação do Navio Oseberg. — Crédito da Imagem: Museum of Cultural History, Oslo
A escavação do Navio Oseberg. — Crédito da Imagem: Museum of Cultural History, Oslo

Grandes mudanças na construção dos navios vikings

Os primeiros navios eram tipicamente barcos a remo, frequentemente construídos no estilo clínquer, cujos construtores trabalhavam de fora para dentro, anexando os pilares de proa e popa. Uma vez que essas peças estavam instaladas, o montador instalava os lados do navio tábua por tábua. Essas peças eram unidas por pregos. Neste sistema, a estrutura interna do navio era adicionada por último.


Até hoje os estudiosos debatem sobre como os vikings construíam seus navios. Os principais ingredientes eram madeira, ferro e lã, mas esses elementos também eram usados de diferentes maneiras. Em geral, os nórdicos construíam seus navios de acordo com a tradição do clinker, entretanto, persiste um debate sobre a forma de construção; eles faziam na “unha”? Ou eles usavam moldes?


Pedra esculpida que retrata um navio viking navegando. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo
Pedra esculpida que retrata um navio viking navegando. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo

Nenhum molde foi descoberto, sugerindo que os vikings não colocavam as tábuas em moldes ou em estruturas. Por outro lado, esses moldes também poderiam ter sido destruídos ou deteriorados. Os estudiosos que não acreditam no uso de moldes argumentam que os vikings projetavam navios com um "mapa mental" e uniam as tábuas na “unha” e, ao contrário das divisões de trabalho atuais, é provável que o idealizador do navio atuasse também como construtor.


Os navios da Era Viking escavados mostram que a construção começou a amadurecer durante a Idade Média. Os construtores começaram a encurtar o comprimento das tábuas e melhoraram as quilhas para permitir que um mastro fosse fixado. O leme foi deslocado para estibordo, dando ao capitão mais controle sobre o navio. Os vikings também trocaram os tipos de remo. Um dos navios vikings mais famosos, o Oseberg, tinha trinta remos. O navio longo, o Hedeby, tinha quase o dobro disso.


Quando a Era Viking se estabeleceu, os tecelões escandinavos também haviam adotado novas ferramentas e técnicas. Escavações arqueológicas por todo o “mundo viking” recuperaram cardas de lã, fuso, roca e pesos de tear. Certamente, os escandinavos produziam têxteis antes da Era Viking, mas a arte amadureceu durante este período.


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A importância da indústria têxtil

Mudanças na produção têxtil podem ter ajudado a transformar os nórdicos em uma cultura marítima dominante. A indústria têxtil da Era Viking permitiu que os construtores de navios escandinavos medievais adotassem a vela, uma crítica inovação tecnológica que ajudou a impulsionar os vikings para o cenário mundial.


Outras culturas já usavam velas antes da Era Viking, mas essa tecnologia fez sua reputação na Escandinávia, graças ao conhecimento da tecelagem e o tingimento de tecidos dos escandinavos. A vela permitiu que os vikings viajassem mais longe, mais rápido e com mais eficiência, tornando-os famosos por sua capacidade de navegar por águas desconhecidas. A vela também permitiu que os navios vikings se afastassem da costa e explorassem o oceano.


Botão de madeira encontrado na Suécia. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo
Botão de madeira encontrado na Suécia. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo

Além disso, a indústria têxtil também teve um papel importante na produção de roupas, tapetes e tendas para os vikings. Os tecidos de lã e linho eram comuns, e os vikings desenvolveram técnicas avançadas de tingimento para produzir uma ampla gama de cores.


Os nórdicos eram conhecidos por suas habilidades em trabalhar com couro, o que lhes permitiam criar roupas e sapatos duráveis e resistentes à água. A habilidade em trabalhar com peles e couro também era importante para a produção de objetos como malas, bolsas e estojos para ferramentas.


Aprenda mais sobre a industria têxtil da Era Viking, assistindo ao episódio "Bordado, Costura e Tecelagem da Era Viking" do Viking Cast:


No geral, a indústria têxtil desempenhou um papel fundamental na sociedade e economia viking, permitindo que eles se destacassem em campos como a própria navegação, bem como o comércio e o artesanato.


Ainda assim, os vikings necessitavam de madeira e ferro para construir seus navios, neste sentido, as escavações revelaram que eles utilizavam diversos tipos de ferramentas para tal, como pinos de madeira, usados comumente na montagem das velas, rebites de madeira e pregos grossos. Porém o fator mais importante era a habilidade dos artesãos.


Com base nos esforços de reconstrução do Século XXI, estima-se que a construção de um navio viking de 30 metros de comprimento levaria cerca de 27.000 horas para ser concluída. Investir tanto tempo e recursos nisso, sugere que os navios vikings eram de importância fundamental para os nórdicos da época.


Pequeno cata-vento recuperado de um túmulo na Suécia. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo
Pequeno cata-vento recuperado de um túmulo na Suécia. — Crédito da Imagem: Swedish History Museum, Estocolmo

Navios para "toda obra"

Os vikings construíam navios para enfrentar diversos desafios. Navios grandes e elaborados como o Oseberg eram provavelmente uma exceção. Por outro lado, esses navios ricamente decorados evidenciam o talento dos artesãos e as posses de seus patrocinadores.


Os navios longos eram ideais para a guerra e saques, pois além de longos, eram estreitos e podiam ser tripulados por mais remadores, permitindo ataques e retiradas rápidas. O navio funerário de Tune oferece um vislumbre de um possível navio de guerra.


Navio cargueiro preparado para cruzar os mares, exposto Viking Ship Museum, Roskilde — Crédito da Imagem: Daily Sabah
Navio cargueiro preparado para cruzar os mares, exposto Viking Ship Museum, Roskilde — Crédito da Imagem: Daily Sabah

Navios com laterais mais altas e maior profundidade de calado eram úteis para carga, podendo navegar pelos mares da Europa e além. Esses navios de carga tendiam a depender mais das velas e tinham tripulações menores. No entanto, os vikings sempre navegavam com estilo. Escavações arqueológicas recuperaram cata-ventos intrincados, que provavelmente eram colocados no topo do mastro do navio como um símbolo.


Lendas do Mar

Com navios para todas as ocasiões e os anos de experiência no mar, os vikings estavam prontos para conquistar o mundo. Às vezes navegavam para a conquista. Em 865 d.C., uma frota de navios vikings partiu em direção à Inglaterra.


Os tempos haviam mudado. Quando os vikings atacavam Lindisfarne, saqueavam, matavam e partiam rapidamente. Já em 865, os nórdicos navegavam para ficar. Naquele ano, o Grande Exército Pagão fixou “sua mira” no reino anglo-saxão de East Anglia.


Leia os artigos "Saiba quem foi o grande líder viking Hálfdan" e "Alfredo, o Grande: como o Rei de Wessex se tornou grande" para entender melhor o que foi o Grande Exército Pagão


Em pouco tempo, eles conquistaram os anglo-saxões em York e fizeram da cidade sua base, Jórvík. Pelos próximos quinze anos, cruzaram o reino anglo-saxão, conquistando além de East Anglia, a Northumbria e a Mercia. Claramente, os escandinavos do nono século construíam seus navios com muito mais do que um pequeno saque em mente.


Aqui, não interpretem literalmente, pois os vikings não eram uma sociedade unificada, que tomou essa decisão de forma premeditada, mas, depois de anos tomando o que queriam da Inglaterra e da Europa, partiram para terras desconhecidas. Eles chegaram às Ilhas Faroé, Islândia e à Groenlândia.


Os vikings, por fim, chegaram à América, mais especificamente em L'Anse aux Meadows. Lá, os arqueólogos encontraram destroços de madeira e cordas, sugerindo que estiveram ocupados consertando seus navios. Quanto tempo eles pretendiam ficar em L'Anse aux Meadows permanece um mistério. Mais certo é que, quando a hora de ir embora chegou, havia apenas uma maneira de voltar para casa...


O legado dos navios vikings

Os navios fizeram com que a vida fosse possível para os escandinavos. Para alguns vikings, a necessidade do navio continuava no pós-vida. Arqueólogos descobriram navios enterrados em montes de terra gigantes, pequenos enterros em navios e enterros em “navios de pedra”.


Esses monumentos indicam que os navios simbolizavam algo duradouro para os nórdicos. Evidências nas Ilhas Britânicas mostram que, mesmo depois de deixarem a Escandinávia para trás, o navio continuou fundamental para a identidade dos vikings.


Ilustração de como a área de preparação do monte funerário poderia ser. — Crédito da Imagem: Field Museum, Chicago
Ilustração de como a área de preparação do monte funerário poderia ser. — Crédito da Imagem: Field Museum, Chicago

Devido ao tempo, trabalho e despesa necessários para construir e enterrar um navio, muitos especulam que os enterros em navios homenageavam os líderes vikings mais proeminentes. Um suposto líder morreu por volta de 900 d.C., aparentemente devido a ferimentos violentos, provavelmente cunhados em batalha. Ele foi enterrado na parte de trás de um navio chamado Gokstad, que podia ser navegado, remado e defendido por 64 escudos acompanhantes.


Além disso, os arqueólogos encontraram mais três barcos enterrados com o homem. Embora menores em tamanho, eles ofereciam modos adicionais de transporte que aparentemente eram vitais para o pós-vida. Depois de adicionar bens funerários à sepultura do homem, os vikings enterraram o Gokstad sob um monte que media aproximadamente 5 metros de altura e 40 metros de diâmetro, quando registrado no Século XIX. Os estudiosos suspeitam que possa ter sido maior na época do enterro. Antes de colocar o navio Gokstad no solo, os vikings cavaram uma trincheira e empilharam terra ao redor do navio, quase como uma área de preparação para o enterro.


Da mesma forma, os estudiosos acreditam que os vikings construíram uma área de preparação para o navio Oseberg. Uma análise relatou que flores de primavera e frutas de outono estavam presentes no enterro, sugerindo que a grande “cova” do navio ficou aberta e exposta por várias semanas ou meses. Outra análise argumentou, no entanto, que as flores de primavera não estavam na cova à época e que a área de preparação ficou exposta por um período mais curto.


A camada deliberada de solos sugere que a escavação e a construção do monte funerário era um ritual performático, tão importante para os vikings quanto a construção do navio em si, além da camada de bens funerários. No entanto, os arqueólogos também identificaram variações locais na construção dos montes funerários. A construção de navios e montes funerários vikings seguiu uma longa tradição escandinava, mas também exibiu um caráter pessoal e local.


Embora muito tenha mudado ao longo da Era Viking, o navio permaneceu essencial para o mundo escandinavo e persiste como um testemunho de sua lendária habilidade marítima.


FONTE: The Collector

MORGAN, Rachel. How Were Viking Ships Built and Buried? The Collector. Montreal, 03 de mai. de 2023. Disponível em: <https://www.thecollector.com/how-were-viking-ships-built/>. Acesso em: 05 de mai. de 2023. (Livremente adaptado pela Livros Vikings)


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