Pesquisadores usam tecnologia moderna para reconstruir as tapeçarias do Navio Viking de Oseberg e revelar novos detalhes sobre a vida viking
O Navio de Oseberg é um dos três navios vikings mais bem preservados do mundo. Com 22 metros de comprimento e 5 metros de largura, ele tinha espaço para 30 remadores, um timoneiro e um vigia.
O navio foi descoberto em um dos túmulos mais famosos da Era Viking — o túmulo mais rico dessa época encontrado na Europa.
Apesar de grande parte do navio e dos objetos funerários terem sido esmagados e quebrados em pequenos pedaços, os esqueletos de duas mulheres e seus pertences pessoais foram encontrados.
Entre os itens, havia carroças, teares, utensílios de cozinha e baús contendo fragmentos de tecidos.
Guerreiros e Religião
Durante as escavações feitas em 1904, perto de Tønsberg, foram encontrados mais de 80 fragmentos de tapeçarias, feitas possivelmente de lã misturada com fibras vegetais.
Esses fragmentos exibem figuras de guerreiros, homens e mulheres, e cenas religiosas e cerimoniais.
Atualmente, os pesquisadores estão reunindo os fragmentos das tapeçarias para interpretar os motivos e as cores originais.
Um grupo multidisciplinar está utilizando técnicas de imagem e métodos de análise para interpretar melhor esses desenhos. Pesquisas sobre os corantes e a degradação dos tecidos podem ajudar a entender as cores originais e a origem dos materiais.
As tapeçarias provavelmente decoravam quartos, câmaras funerárias ou salões durante eventos festivos de pessoas de alto status.
O fato de estarem enterradas junto ao Navio de Oseberg indica que as duas mulheres eram ricas e que levariam essas tapeçarias com elas para a vida após a morte.
Reconstruindo o passado sem mover os fragmentos
Para reconstruir o desenho completo dos tecidos é necessário juntar os fragmentos das tapeçarias na ordem correta.
O projeto TexRec, financiado pelo Conselho de Pesquisa da Noruega, envolve pesquisadores de vários países que estão realizando análises químicas dos corantes usados pelos vikings e investigando a preservação dos têxteis.
O laboratório Colorlab, da NTNU em Gjøvik, em parceria com arqueólogos do Museu de História Cultural e conservadores têxteis do Museu Universitário de Bergen, estão trabalhando juntos para montar os fragmentos das tapeçarias do Navio de Oseberg e criar uma história coesa, tal qual explica Davit Gigilashvili, pós-doutorando no Departamento de Ciência da Computação da NTNU em Gjøvik:
Os fragmentos são extremamente frágeis e os arqueólogos não podem movê-los fisicamente. Por isso, estamos desenvolvendo um software no qual as fotos dos fragmentos podem ser carregadas e movidas digitalmente. Podemos até aumentar o contraste das imagens para tornar os padrões mais visíveis. Dessa forma, conseguimos resolver esse quebra-cabeça digitalmente [...] É um quebra-cabeça que vai ser emocionante de resolver, porque ninguém no mundo ainda sabe as respostas.
Seis metros abaixo do solo
Quando você monta um quebra-cabeça comum, tem a imagem pronta na tampa da caixa. Mas o que acontece quando o desenho e as peças estão desaparecidos, as cores desbotadas e muitas partes danificadas, após ficarem enterradas seis metros abaixo do solo e serem saqueadas por ladrões de túmulos? Segundo Gigilashvili:
Não sabemos quantas tapeçarias havia no Navio de Oseberg antes dos desenhos começarem a se desintegrar. Ou seja, quando comparamos dois fragmentos, não temos certeza de que pertenciam à mesma peça de tecido.
Por isso, os pesquisadores usam um computador para encontrar soluções para esse quebra-cabeça com a ajuda da inteligência artificial. Os algoritmos identificam cada pedaço de tecido antigo e o comparam com outros fragmentos.
O papel essencial dos especialistas humanos
No entanto, os modelos de aprendizado de máquina não conseguiram dar boas respostas. Eles podem distinguir entre milhões de fotos de gatos e cachorros, ônibus e bicicletas, mas nunca viram tecidos da Era Viking, então cometem muitos erros.
Por isso, a tecnologia precisa ser combinada ao conhecimento dos arqueólogos. Eles fazem suposições sobre quais fragmentos pertencem uns aos outros e avaliam se os resultados fazem sentido, a exemplo do que explicou Gigilashvili:
Os arqueólogos podem detectar semelhanças no estilo e nas técnicas de fabricação que indicam que os fragmentos pertencem ao mesmo tecido. Os modelos de aprendizado de máquina devem se inspirar nisso e imitar o comportamento dos arqueólogos. Embora os computadores possam oferecer sugestões interessantes e ajuda valiosa, o conhecimento humano nesse trabalho é insubstituível e continuará sendo por um bom tempo.
Novas descobertas sobre os vikings
Montar esses fragmentos de tapeçarias de 1.200 anos pode trazer novos conhecimentos sobre a vida dos vikings.
Gigilashvili acredita que, além de ajudar arqueólogos, o software também pode ser utilizado em jogos de computador e no ensino sobre o patrimônio cultural e como era a vida na Era Viking.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um site dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referência
Davit Gigilashvili, Casper Fabian Gulbrandsen, Ha Thu Nguyen, Margrethe Havgar, Marianne Vedeler e Jon Yngve Hardeberg. Toward Solving a Puzzle of Fragmented Archaeological Textiles. Journal of Imaging Science and Technology. DOI: 10.2352/J.ImagingSci.Technol.2024.68.4.040407.
Seja uma das primeiras pessoas a receber as novidades do Mundo Viking, assinando a nossa Newsletter ou adicionando-nos em seu WhatsApp...
Fico surpreso com gente tão dedicada à pesquisa, isto é maravilhoso. Que tenham sucesso nos trabalhos, e que recebam todo apoio necessário para que possam trabalhar em paz. Parabéns a todos desta área. (eugenio.accs.ecj@gmail.com) 09 Set. 2024 / 2a. feira.