Uma minuciosa operação de limpeza em uma série de tesouros da era viking que estavam enterrados em igrejas da Escócia, está revelando novos segredos sobre as suas origens.
Surgem evidências crescentes de que o conteúdo do Galloway Hoard, descoberto por um detector de metais há cinco anos, foi extraído de toda a Europa e Ásia.
Pequenos traços de linho, seda, madeira e couro foram analisados durante dois anos de trabalho por um detetive de tesouros, ajudando a desenvolver teorias de que alguns objetos são vários séculos mais antigos do que se pensava.
A cuidadosa embalagem dos mais de 100 tesouros de ouro, prata e joias pode lançar uma nova luz sobre por quanto tempo essas riquezas foram acumuladas antes de serem enterradas em Galloway, quase mil anos atrás.
O tesouro foi mantido no país pelo Museu Nacional da Escócia em Edimburgo, depois de uma campanha de arrecadação de US$ 2 milhões (R$ 8,48 milhões, hoje) em 2017, e foi aclamado como "a coleção mais rica de objetos raros e únicos da era Viking já encontrados na Grã-Bretanha ou na Irlanda" depois de sua descoberta.
Martin Goldberg, curador principal de arqueologia e história, disse que o extenso trabalho de conservação "transformou completamente" a aparência de alguns objetos e revelou novas pistas que devem lançar luz sobre as conexões anteriormente ocultas entre a Grã-Bretanha, a Europa e além.
Ele disse: “Agora entendemos melhor a variedade internacional de tesouros. Sempre havia pistas sobre as origens de alguns dos materiais e as incríveis trajetórias que os trouxeram da Europa e da Ásia, para serem enterrados em Galloway. Mas, estamos aprendendo mais sobre as especificidades de onde as coisas vieram e qual a idade de várias coisas e por quanto tempo o tesouro pode ter sido acumulado. Estamos aderindo o enterro no ano 900 d.C., porém alguns objetos parecem ter vários séculos mais de idade.”
Novas imagens dos tesouros restaurados foram reveladas antes de uma grande exposição, que será aberta no Museu Nacional em 2020 e depois sairá em turnê (esperamos que venha ao Brasil — nota Livros Vikings).
Goldberg acrescentou: “Sabemos quantos objetos duros havia no tesouro, mas ainda estamos lidando com uma quantidade desconhecida de têxteis. Alguns objetos foram embrulhados em várias camadas de material. Ainda estamos trabalhando para identificar quantos havia e quais tipos diferentes de material estavam guardados.
“Mas sabemos que há seda, linho, madeira e couro. Essa variedade de materiais orgânicos no tesouro é muito incomum.
"Estamos acostumados a ver tesouros de ouro e prata, mas não estamos acostumados a ver esse tipo de preservação.
"Temos feito todo tipo de coisa como parte do trabalho de conservação nos últimos dois anos, desde a limpeza básica até os raios X e a tomografia computadorizada. Conseguimos entender as diferentes densidades de material de cada objeto e saber como cada um foi criado e o que aconteceu com ele desde então.
"Às vezes, estamos olhando para um objeto corroído que possui informações importantes nas camadas de corrosão, que nos dizem sobre do que estava próximo ou sobre do que era. Em vez de apenas limpar a corrosão, precisamos registrá-la com o maior cuidado possível, pois ela preserva vestígios de evidências. Encontramos traços em potencial de seda bordada, que só é preservada na corrosão verde dos objetos.
“Iremos eventualmente fazer a datação por rádio-carbono para produzir uma cronologia para todos esses materiais. É uma história que se desenrola. Queremos elaborar uma biografia para cada objeto, desde a origem até quando foi depositado no chão e depois amarrar as 100 histórias.”
FONTE: The Scotsman
FERGUSON, Brian. Painstaking clean-up of Scottish Viking hoard unlocks new secrets. The Scotsman, Edimburgo, 24 de nov. de 2019. Disponível em: <https://www.scotsman.com/news/people/painstaking-clean-up-of-scottish-viking-hoard-unlocks-new-secrets-1-5051343>. Acesso em: 01 de dez. de 2019. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
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