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A épica história dos vikings

Atualizado: 17 de jan. de 2023

O fenômeno viking se estendeu por quase três séculos (do VIII ao XI) e foi estabelecido em diversas áreas geográficas, de um extremo ao outro do mundo conhecido até então. Atualmente sabemos que eles não foram apenas hordas selvagens que varreram a Europa, mas também navegadores incomparáveis, capazes de explorar todas as rotas marítimas, e que queriam enriquecer através do comércio.


A épica história dos vikings
Fonte da Imagem: Pinterest

Os povos escandinavos negociam com os comerciantes ocidentais desde os tempos romanos. As relações comerciais Leste-Oeste, realizadas durante séculos graças ao Mediterrâneo, foram modificadas pela expansão árabe (no Século VIII) e deslocadas para o norte, em direção ao Atlântico, ao Mar do Norte e ao Báltico. Parece lógico que os escandinavos intervieram nesse setor, pois tiveram senso de comércio e os barcos adequados (os "langskips" que chamamos de "drakkar"), que somados às suas extraordinárias técnicas de navegação os tornaram a arma absoluta de seu tempo. O termo "viking" deriva do latim "vicus", que pode ser traduzido como mercado ou posto comercial; historiadores acreditam que os vikings formavam irmandades de comerciantes vinculadas por pacto ou contrato.


Barco Viking de Gokstad, "langskip" (23,50m de comprimento, 5,20m de largura e capacidade para 32 remadores), final do Século IX. Museu do navio viking em Oslo, Noruega. © Wikimedia Commons, domínio público.
Barco Viking de Gokstad, "langskip" (23,50m de comprimento, 5,20m de largura e capacidade para 32 remadores), final do Século IX. Museu do navio viking em Oslo, Noruega. © Wikimedia Commons, domínio público.

O sueco porto de Birka foi fundado no Século VIII: a cidade se tornou o centro do comércio viking, reunindo muitos artesãos que usavam matérias-primas de territórios escandinavos, como âmbar, ferro, peles, madeira e marfim (morsa). Os produtos processados foram vendidos principalmente no exterior em troca de produtos de luxo, como cerâmica, seda e prata. A maior parte do comércio era feita com a Europa Ocidental. A expansão para o leste, o desenvolvimento das rotas comerciais do Volga e do Dnieper amplificaram o comércio a partir do final do Século IX.


Expansão territorial na Europa

A origem geográfica (Noruega, Suécia, Dinamarca — hoje) dos vikings parece ter determinado a sua expansão territorial: os varangianos ou suecos seguiram para leste, ao redor do Báltico e da Rússia. Os noruegueses concentraram suas incursões nas Ilhas Britânicas. Os dinamarqueses se espalharam pelo Mar do Norte, Canal da Mancha e pelo Atlântico. As causas exatas do fenômeno viking ainda são objeto de hipóteses: o ponto de partida do movimento (porque marcou as mentes dos contemporâneos) é o saque à abadia de Lindisfarne, uma ilha localizada na costa nordeste da Inglaterra, em junho de 793. Os dinamarqueses organizaram expedições a partir do final do Século VIII, as quais se intensificaram após a morte de Carlos Magno (em 814). Dividida em vários reinos, a Inglaterra foi particularmente afetada: os rios Humber e Thames foram as rotas de penetração dos navios vikings. Entre 875 e 879, os dinamarqueses derrotaram os soberanos do nordeste da Inglaterra e fundaram o reino viking de Danelaw ("o país sob a lei dinamarquesa").


Pintura: Desembarque de uma frota viking na Inglaterra, final do Século IX; manuscrito "Crônica Anglo-Saxônica", Século X. Bymuseum, Oslo, Noruega. © Bridgeman Images.
Pintura: Desembarque de uma frota viking na Inglaterra, final do Século IX; manuscrito "Crônica Anglo-Saxônica", Século X. Bymuseum, Oslo, Noruega. © Bridgeman Images.

No território do antigo império carolíngio, a fachada marítima ofereceu inúmeras portas de entrada aos rios: as frotas vikings tomaram o Sena, o Loire, o Garonne e os pequenos rios costeiros, como descrito nas crônicas dos mosteiros entre 841 e 856. Eles chegaram a Bordeaux e Toulouse por volta de 844; Paris também foi sitiada várias vezes entre 845 e 885. Esses vikings receberam o nome de normandos (ou "Nordmann", homem do norte) antes de se estabelecerem na região que hoje leva o nome de Normandia. Na Bretanha, eles encontram terreno favorável para sua expansão, porque as guerras internas dos nobres bretões exigiam o emprego de mercenários escandinavos; eles foram finalmente expulsos em 939.


Subindo o rio por barcos vikings; cena da série de TV Vikings, History. © História da Normandia.
Subindo o rio por barcos vikings; cena da série de TV Vikings, History. © História da Normandia.

Navegadores notáveis, os vikings também se aventuraram na península Ibérica: em 844, Sevilha e Cádiz foram devastadas por uma frota que subiu o rio Guadalquivir. Os vikings entraram no Mediterrâneo através do Estreito de Gibraltar; seu ataque mais importante, de 859 a 861, permitiu que se estabelecessem no delta do Ródano, em Camargue, e depois passassem na Itália, onde se aproximaram do porto de Luna, na Etrúria.


A história dos vikings e as colonizações

Os vikings da atual Noruega atacaram o Ocidente com o objetivo de colonização, pois estavam procurando terras para agricultura e criação. Sua área de expansão abrangia a Escócia, a Irlanda, o nordeste da Inglaterra, as Ilhas Faroe, Orkney, Hebrides e Shetlands. Outros chegaram à Islândia: nesta ilha perto do Círculo Polar Ártico, o objetivo foi colonizar. Chegados por volta de 860, noruegueses, mas também irlandeses e outros celtas, construíram fazendas por lá: cultivaram a terra, criaram animais e caçaram mamíferos marinhos. Os colonos formaram uma sociedade original liderada pelo parlamento mais antigo do mundo, "o Althing". Escavações arqueológicas recentes revelaram ruínas de moradias na península de Reykjanes: a datação (carbono 14) coloca o período de ocupação entre 770 e 880 d.C.


Viagens vikings (em azul) e territórios colonizados (verde claro); autor: Bogdan Giusca, 2005. © Wikimedia Commons, domínio público.
Viagens vikings (em azul) e territórios colonizados (verde claro); autor: Bogdan Giusca, 2005. © Wikimedia Commons, domínio público.

O Século X foi o período da colonização viking: é surpreendente ver com que rapidez eles se integraram às populações que conquistaram. Em duas ou três gerações, os suecos (varangianos) que partiram para a Europa Oriental tornaram-se eslavos, os vikings noruegueses, normandos e os dinamarqueses os anglo-saxões. Os suecos são responsáveis pela criação da Rússia: eles se estabeleceram na região de Novgorod e depois em Kiev, onde estabeleceram suas estruturas sociais, administrativas e políticas.


Embora os vikings sejam reconhecidos como guerreiros formidáveis, eles nunca conseguiram formar um exército real. Suas táticas predatórias não poderiam ser atribuídas a uma arte militar, a qual eles não dominavam. Carlos Magno lutou contra eles e sempre que os vikings o enfrentavam, eles eram derrotados. Em 1066, o Rei Harald da Noruega foi derrotado por Harold de Wessex em Stamford Bridge (Inglaterra), quem depois também foi derrotado em Hastings, alguns dias depois, por Guilherme, o Conquistador.


"O conde Eudes defende Paris contra os normandos", entre 883 e 885; por Jean Victor Schnetz em 1837. Château de Versailles. © Wikimedia Commons, domínio público.
"O conde Eudes defende Paris contra os normandos", entre 883 e 885; por Jean Victor Schnetz em 1837. Château de Versailles. © Wikimedia Commons, domínio público.

Vikings na América

Leif Eriksson, nascido por volta de 970 na Islândia e que morreu provavelmente em 1020 (possivelmente na Groenlândia), foi um explorador islandês, uma figura renomada na expansão Viking pela América. Leif era filho de Erik, o Vermelho, o fundador da primeira colônia viking da Groenlândia; ele seria o primeiro europeu a se aproximar do continente americano. As sagas de "Vínland" contam a descoberta de terras além da Groenlândia, ao redor de Labrador e Terra Nova (Canadá).


Leif Eriksson descobre a América, por Christian Krohg em 1893. Galeria Nacional, Oslo, Noruega. © Wikimedia Commons, domínio público.
Leif Eriksson descobre a América, por Christian Krohg em 1893. Galeria Nacional, Oslo, Noruega. © Wikimedia Commons, domínio público.

As descobertas arqueológicas da década de 1960 confirmaram o estabelecimento de uma colônia em Anse aux Meadows: é o primeiro local identificado como escandinavo na América do Norte; as escavações realizadas revelaram casas, instrumentos e ferramentas que possibilitaram estabelecer a datação do local como de por volta do ano 1000. Outras pesquisas arqueológicas sugerem que "Vínland" poderia estar localizada ao redor do Golfo de St. Lawrence e que o local de Anse aux Meadows seria um palco para a reparação de navios. As escavações (precedidas pela detecção de imagens de satélite) levaram à descoberta em 2016 de um novo assentamento em Pointe Rosée (na Terra Nova), o que confirmaria a existência de uma colonização viking da América do Norte.


FONTE: Futura Sciences

BERNIER, Isabelle. L'histoire des Vikings et leur épopée. Futura Sciences. Saint-Raphaël, 21 de mai. de 2020. Disponível em: <https://www.futura-sciences.com/sciences/questions-reponses/histoire-histoire-vikings-leur-epopee-13777/>. Acesso em: 22 de mai. de 2020. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)


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