Relíquia da Era Viking Tardia? O Misterioso Livro de Pele de Foca Encontrado na Noruega
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Descubra o manuscrito do século XIII encadernado em pele de foca que pode ser o livro mais antigo da Noruega e seu fascinante legado viking

Índice
Em um mundo cada vez mais digital, onde a informação cruza o globo em milissegundos, é fascinante pensar que pedaços da nossa história ainda jazem escondidos, esperando o momento certo para revelar segredos de eras passadas.
Recentemente, a Noruega foi palco de uma dessas descobertas extraordinárias, que nos conecta diretamente aos séculos que sucederam a Era Viking.
Um pequeno livro, de aparência rústica e desgastada pelo tempo, emergiu de uma fazenda em Bergen, trazendo consigo melodias esquecidas e um método de confecção que remete diretamente aos recursos naturais explorados pelos antigos nórdicos.
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Este não é apenas mais um artefato antigo; trata-se de um potencial candidato ao título de "livro mais antigo da Noruega".
O que o torna verdadeiramente único, no entanto, não é apenas a sua idade estimada — remontando ao século XIII ou talvez até antes —, mas a sua encadernação peculiar.
Diferente dos luxuosos volumes adornados com ouro e pedras preciosas que costumamos associar à Idade Média europeia, este manuscrito está envolto em pele de foca, com pelos ainda visíveis, uma escolha de material que ecoa a praticidade e a conexão com o mar, características intrínsecas ao povo viking e seus descendentes.

Ao chegar à Biblioteca Nacional da Noruega, vindo da fazenda Hagenes, o livro imediatamente capturou a atenção dos conservadores. Chiara Palandri, especialista responsável pela avaliação inicial, percebeu que tinha em mãos algo sem precedentes. A rigidez e a fragilidade do objeto exigiam um manuseio cirúrgico, permitido apenas a especialistas.
Este manuscrito, agora conhecido como "Manuscrito Hagenes", não é apenas um objeto de estudo; é uma janela para a transição cultural da Escandinávia, um período onde os antigos costumes vikings começavam a se fundir de maneira irrevogável com a nova fé cristã que varria o continente.
Neste artigo, mergulharemos nas páginas deste achado incrível. Exploraremos como a ciência moderna está desvendando seus mistérios, o que ele nos diz sobre a vida religiosa na Noruega pós-viking e por que uma encadernação de pele de foca é tão significativa para entendermos a herança cultural nórdica.
Prepare-se para uma viagem no tempo, guiada pelas mãos cuidadosas de conservadores e pela curiosidade insaciável que nos move a entender nossos ancestrais.

A Descoberta do Manuscrito e seus Materiais Remanescentes da Era Viking
A fazenda Hagenes, em Bergen, guardou por gerações um segredo que agora reescreve partes da história literária norueguesa. Quando a família proprietária decidiu entregar o pequeno livro à Biblioteca Nacional da Noruega no início deste ano, não imaginavam a comoção que causariam na comunidade acadêmica.
Bergen, vale lembrar, foi um centro vital de comércio e cultura desde os tempos dos reis vikings, servindo como um portal da Noruega para o resto da Europa. Encontrar um artefato desta magnitude nessa região reforça a importância contínua da cidade nos séculos que se seguiram ao fim oficial da Era Viking.
O aspecto mais chocante do Manuscrito Hagenes é, sem dúvida, sua construção. A encadernação em pele de foca não é apenas rara; é praticamente desconhecida em outros contextos europeus da mesma época.
Chiara Palandri, ao consultar sua rede internacional de especialistas, recebeu a confirmação de uma pesquisadora francesa:
Tal encadernação não se assemelha a nada visto no continente, apontando fortemente para uma produção nórdica, provavelmente local. Isso nos diz muito sobre a continuidade das tradições vikings de utilização integral dos recursos marinhos.
Onde monges continentais poderiam usar couro de boi ou porco tratado, os escribas noruegueses voltaram-se para o que o Mar do Norte lhes oferecia em abundância.
Além da pele de foca, outros elementos da construção do livro apontam para uma origem profundamente enraizada na fauna escandinava.
O livro era originalmente mantido fechado por uma tira de couro. Embora restem apenas vestígios, as análises preliminares sugerem que poderia ser pele de rena.
Se confirmado, teríamos um "santo graal" dos materiais nórdicos reunidos em um único objeto litúrgico: pergaminho de bezerro (comum na Europa), capa de foca e fecho de rena. Esta combinação seria uma assinatura inconfundível da Noruega medieval, uma adaptação local das práticas de encadernação cristãs utilizando os materiais que os caçadores vikings conheciam há séculos.
A análise do texto em si, conduzida pelo pesquisador Espen Due-Karlsen, revela um latim escrito com um estilo rústico, longe da perfeição caligráfica dos grandes centros monásticos da França ou Itália. Isso sugere um escriba local, habilidoso, mas focado na funcionalidade.
O livro não foi feito para ficar exposto em um altar de catedral; foi feito para ser usado. Era um objeto de trabalho, carregado por um padre ou cantor (cantor principal do coro) durante as missas, sujeito ao desgaste do dia a dia.
Essa autenticidade "suja", de um objeto que realmente viveu a história, é o que mais emociona os pesquisadores, pois oferece uma conexão tangível com as pessoas reais daquela época, os netos e bisnetos dos vikings originais.

O Significado Histórico: Do Paganismo Viking à Liturgia Cristã
Para compreender a verdadeira importância deste manuscrito, precisamos situá-lo no tempo. Estamos falando do século XIII, aproximadamente duzentos anos após o fim tradicional da Era Viking (marcada pela Batalha de Stamford Bridge em 1066). No entanto, a cultura não muda da noite para o dia.
A Noruega de 1200 era uma nação cristã, sim, mas uma onde as raízes vikings ainda nutriam o solo cultural. As igrejas de madeira (stavkirker) da época, por exemplo, frequentemente misturavam iconografia cristã com dragões e entrelaçados típicos da arte nórdica antiga.
O Manuscrito Hagenes contém "sequências", que são canções litúrgicas complexas destinadas a dias de festa específicos, cantadas antes da leitura do Evangelho.
A presença de canções dedicadas a Maria e ao Dia de Todos os Santos indica uma vida religiosa vibrante e sofisticada. Isso demonstra que a Noruega não era uma periferia atrasada da cristandade, mas sim um participante ativo nas redes religiosas europeias.
Os descendentes dos incursores vikings, que outrora aterrorizaram os mosteiros europeus, eram agora monges e padres integrados à mesma liturgia latina, trocando conhecimentos e melodias com o continente.
A raridade deste livro também nos fala sobre o que foi perdido. Após a Reforma Protestante em 1537, a Noruega, sob domínio dinamarquês, viu seus tesouros católicos tornarem-se obsoletos.
Milhares de missais e livros de canções foram destruídos, suas páginas de pergaminho reaproveitadas para encadernar novos livros administrativos ou simplesmente descartadas. O que sobreviveu muitas vezes foi enviado para Copenhague.
O fato de este pequeno livro ter permanecido na Noruega, escondido em uma fazenda por séculos, é um milagre histórico. Ele sobreviveu à negligência, ao fanatismo religioso e ao tempo, preservando uma centelha da vida espiritual da Noruega pós-viking.
Este manuscrito é um dos apenas três livros noruegueses desta antiguidade que sobreviveram. Os outros são o "Saltério de Kvikne" (também na Biblioteca Nacional, com capas de madeira) e o "Livro de Homilias Antigo Norueguês" (em Copenhague, sem a encadernação original).
O Manuscrito Hagenes, se comprovado que todas as suas partes são originais e contemporâneas, seria o segundo livro medieval norueguês preservado em sua totalidade.
Ele representa a transição final da oralidade — tão valorizada pelos vikings em suas sagas e poemas escáldicos — para a cultura escrita do livro, consolidando a Noruega na esfera cultural da Europa letrada.
Desafios da Conservação e a Ciência por Trás do Legado Viking
A validação da origem e idade deste manuscrito não depende apenas da análise estilística; ela entra agora no reino da ciência forense avançada. Conservadores como Chiara Palandri estão utilizando tecnologias de ponta para "ler" o livro de maneiras que seus criadores jamais imaginariam.
A análise de proteínas e, subsequentemente, a análise de DNA são as ferramentas chave nesta investigação, permitindo traçar a origem exata dos materiais utilizados, uma verdadeira arqueologia molecular do legado viking.
As amostras retiradas das páginas de pergaminho e da capa de pele de foca podem revelar muito mais do que apenas a espécie animal.
O DNA pode indicar onde o bezerro que forneceu o pergaminho pastava e a qual população específica pertencia a foca da capa. Algumas espécies de foca são migratórias, enquanto outras permanecem em áreas locais.
Se a ciência confirmar que a foca era de uma espécie nativa da costa norueguesa e que o bezerro foi criado localmente, teremos a prova definitiva da origem norueguesa do manuscrito. O mesmo se aplica à possível tira de rena, um animal intrinsecamente ligado à vida na Escandinávia.
No entanto, o processo de conservação é um delicado equilíbrio entre proteção e acesso. O livro está deteriorado, com páginas faltando e a estrutura fragilizada.
Cada manuseio representa um risco. Por isso, a Biblioteca Nacional da Noruega adotou a digitalização de altíssima resolução.
Isso permite que pesquisadores de todo o mundo estudem cada poro da pele de foca, cada traço de tinta e até mesmo os minúsculos insetos mortos encontrados entre as páginas (que os conservadores decidiram manter como parte da história do objeto), sem nunca tocar no original. É a tecnologia moderna preservando o passado viking e medieval.
Um seminário internacional está planejado para novembro, onde especialistas não apenas discutirão o livro, mas tentarão criar uma réplica exata.
Este exercício de arqueologia experimental é crucial. Ao tentar reproduzir a encadernação com pele de foca usando técnicas medievais, os pesquisadores entenderão melhor os desafios e as escolhas feitas pelos artesãos originais.
É uma forma de "engenharia reversa" da história, que nos aproxima das mãos que, há oitocentos anos, transformaram a pele de um animal marinho e a pele de um bezerro em um veículo para o sagrado, mantendo viva uma tradição de artesanato que remonta aos tempos dos vikings.
A descoberta do Manuscrito Hagenes é um lembrete poderoso de que a história não é um livro fechado. Mesmo em áreas tão estudadas quanto a Era Viking e a Idade Média escandinava, o solo e os sótãos antigos ainda têm surpresas a nos revelar.
Este pequeno livro, com sua capa peluda e canções latinas, é um elo físico entre o mundo rústico e marítimo dos nórdicos antigos e o mundo letrado e cristão da Europa medieval. Ele nos desafia a olhar para o passado não como uma série de compartimentos estanques, mas como um rio contínuo de adaptação e sobrevivência cultural.
Para nós, amantes da história, resta a expectativa pelos resultados dos testes de DNA, que poderão confirmar, de uma vez por todas, a origem deste tesouro nacional norueguês.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um portal dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referência
GJELLESVIK, A.; KRISTIANSEN, N. Eight pages bound in furry seal skin may be Norway's oldest book. Science Norway, Oslo, 3 nov. 2025. Disponível em: https://www.sciencenorway.no/cultural-history-culture-history/eight-pages-bound-in-furry-seal-skin-may-be-norways-oldest-book/2571496. Acesso em: 5 nov. 2025.
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Uma maravilha de descoberta, muito emocionante. Espero que os estudiosos, como a conservadora Chiara Palandri e o pesquisador Espen Due-Karlsen, entre outros, venham a nos informar com precisão tudo que se relaciona a tal livro! Fiquei impressionado de ver as letras e o alinhamentos do texto tão perfeitos! Como conseguiram isto? E também gostaria que todos nós soubéssemos o que se diz no texto apresentado. Somente após muitos estudos deles e suas equipes é que o mundo poderá ser informado. Aguardo as novidades que, naturalmente, a LIVRO VIKINGS EDITORA irá nos proporcionar, e meus votos de muito sucesso. (Eugênio, em 05 novembro 2025 / 4a. feira).