Por milhares de anos, os barcos de madeira permitiram que os povos do Norte espalhassem o comércio, a influência e, às vezes, a guerra pelos mares e continentes.
Em dezembro, a agência de cultura da ONU acrescentou os “barcos clínquer” nórdicos à sua lista de tradições que representam o Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia buscavam conjuntamente a designação pela UNESCO.
Acredita-se que o termo “clínquer” se refira à maneira pela qual as tábuas de madeira do barco eram presas umas às outras.
Os defensores da nomeação bem-sucedida esperam que ela proteja e preserve as técnicas de construção dos barcos que impulsionaram a era viking para as gerações futuras, à medida que o número de artesãos ativos de clínquer diminui, assim como os pescadores e o público geral optam por embarcações com cascos de fibra de vidro e bem mais baratos.
“Podemos ver que as habilidades para construí-los e velejá-los são conhecimentos das pessoas que os navegam", afirmou Søren Nielsen, lider de reconstrução de barcos do Museu do Barco Viking de Copenhague.
O museu não apenas exibe os restos de embarcações de madeira construídas há 1.000 anos, mas também trabalha para reconstruir os barcos vikings. O processo envolve o uso de métodos arqueológicos experimentais para obter uma compreensão mais profunda e prática da era viking, como a rapidez com que os navios navegavam e quantas pessoas transportavam.
Nielsen, que supervisiona a construção e o reparo de barcos de madeira construídos na tradição do clínquer, disse que há apenas cerca de 20 artesãos de barcos clínquer na Dinamarca, talvez 200 em todo o norte da Europa.
“Achamos que é uma tradição a qual deve ser mostrada e temos que dizer às pessoas que isso faz parte do nosso passado”, disse à Associated Press.
Os barcos clínquer de madeira são caracterizados pelo uso de pranchas de madeira longitudinais sobrepostas no casco, sendo costuradas ou rebitadas juntas.
Os construtores fortalecem os barcos internamente com componentes adicionais de madeira, principalmente carvalhos altos, que constituem o esqueleto da embarcação. Eles preenchem as lacunas com alcatrão ou sebo misturado com pelos de animais, lã e musgo.
“Quando você o constrói com essas sobreposições, obtém um casco bastante flexível, mas ao mesmo tempo incrivelmente forte”, explicou Triona Sørensen, curadora do Museu do Navio Viking de Roskilde, que abriga os restos de cinco barcos vikings do Século XI, construídos com métodos de clínquer.
Nielsen disse que há evidências de que a técnica do clínquer apareceu pela primeira vez há milhares de anos, durante a Idade do Bronze.
Mas foi durante a era viking que os barcos clínquer tiveram seu apogeu, de acordo com Sørensen. Entre 793 d.C. e 1066 d.C., foi quando os nórdicos, ou vikings, empreenderam invasões em larga escala, colonizando, conquistando e viajando comercialmente por toda a Europa e além, chegando à América do Norte, por exemplo.
Seus navios leves, fortes e rápidos eram insuperáveis em seu tempo e forneceram as bases para reinos da Dinamarca, Noruega e Suécia.
Se “não existissem os navios, não haveria nenhuma era viking”, disse Sørensen. “Isso literalmente possibilitou que eles expandissem os horizontes para se tornarem um povo global.”
Embora a tradição dos barcos clínquer no norte da Europa permaneça até hoje, os navios são usados por amadores em festividades, regatas e eventos esportivos, em vez de ataques e conquistas como há 1.000 anos.
A candidatura da UNESCO foi assinada por cerca de 200 comunidades e portadores da cultura de construção e artesanato tradicional de barcos clínquer, incluindo comunidades Sami.
A inscrição na lista do Património Cultural Imaterial obriga os países nórdicos a tentarem preservar o que resta da tradição decadente.
“Você não pode ler como construir um barco em um livro, então se você quer ser um bom construtor de barcos, você tem que construir muitos barcos”, disse Nielsen, do Museu do Navio Viking. “Se você quer manter essas habilidades vivas, você precisa mantê-las funcionando.”
FONTE: New York Post
UNESCO lists Viking-era wooden sailboats on heritage list. New York Post. Nova Iorque, 24 de jan. de 2022. Disponível em: <https://nypost.com/2022/01/24/unesco-lists-viking-era-wooden-sailboats-on-heritage-list/>. Acesso em: 25 de jan. de 2022. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)
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