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Os finlandeses do báltico também foram vikings

Atualizado: 31 de mar. de 2023

A arqueóloga estoniana Marika Mägi argumenta que os finlandeses do Báltico — o povo que viveu nos territórios da Finlândia e da Estônia modernas — também foram vikings, mas este fato ainda é ignorado pelo mundo.


“Convidados do exterior” (1901), de Nicholas Roerich, representando uma invasão viking. Domínio público (Wikipedia).

Este artigo foi publicado em colaboração com a Research in Estônia.


A longa cruzada de uma cientista para que o mundo veja a parte oculta da história viking. A arqueóloga da Universidade de Tallinn, Marika Mägi, há muitos anos fala sobre os marinheiros da Era Viking, mas ainda enfrenta resistência ao discutir o assunto.


Isso se deve pelo fato dela não falar sobre os nórdicos, os vikings escandinavos, mas a respeito dos que moravam um pouco a leste, ao longo das costas orientais do Mar Báltico. E muitas vezes fica desconfortável quando os outros cientistas e especialistas em vikings a ouvem, porque os força a repensar os seus conhecimentos. Se o mundo aceitasse o papel crucial da região do Báltico na comunicação viking, muitas histórias teriam que ser recontadas e muitas lacunas do conhecimento seriam preenchidas. E isso é um trabalho duro.


Quando Mägi ressalta que eles perderam uma peça do quebra-cabeça, seus ouvintes educadamente concordam e continuam ignorando a região. Por que fazer o esforço?


A região do Báltico, como sempre, é vista como um vazio entre a Escandinávia e a Rússia. Mas, isso, simplesmente não é verdade.


Imagem por Marika Mägi

Os vikings não poderiam ter alcançado o território russo moderno sem passar pelas costas do Báltico. A Rússia simplesmente não tinha nenhum litoral acessível entre os Séculos IX e XI, a era de ouro viking. A pequena faixa de terra perto da Estônia e da Finlândia era pantanosa e escassamente povoada pelos finlandeses do Báltico. Geralmente, os cientistas apenas concordam com este fato.


Então, por que os russos têm um papel tão central nas histórias vikings? E se alguns desses eventos tivessem ocorrido no território moderno do Báltico?


Mägi acha que esse é o caso de algumas das sagas da Rússia — que ganharam vida na popular série "Vikings". Eventos em sagas que retratam a atividade viking oriental nos Séculos VIII e IX ocorreram em grande parte nas costas orientais do mar Báltico, concluiu Mägi, a partir de suas fontes.


Esferas da Era Viking representadas em sagas. Imagem por Marika Mägi.

Afinal, você precisa do mar para poder velejar. E os Bálticos viviam à beira-mar, não os russos. A costa da Estônia tem 3.794 quilômetros (2.400 milhas) de comprimento e sua tradição marítima tem sido forte ao longo dos séculos. O mesmo vale para as outras áreas, outrora habitadas pelos finlandeses do Báltico.


Outro exemplo: quando os arqueólogos encontram objetos de valor na Rússia, eles automaticamente presumem que são escandinavos. As armas e as joias dos guerreiros bálticos seriam indiscutivelmente do leste da Suécia ou Gotland?


Uma espada do Século IX, exemplo de uma descoberta da Era Viking na Estônia, Viitna. Foto do Museu Käsmu.

Simplificando, os guerreiros costeiros, que viviam na moderna Estônia, Finlândia e Letônia, também foram vikings, e tanto as fontes arqueológicas, quanto as escritas provam isso. Mägi passou décadas colecionando-as.


Ela escreveu um livro sobre isso. Dez anos e 512 páginas depois, “In Austrvegr: O Papel do Báltico Oriental na Comunicação da Era Viking através do Mar Báltico”, que foi publicado pela editora holandesa Brill.


Marika Mägi (direita) durante uma de suas primeiras escavações, Estônia, 1987. Foto: coleção particular.

A editora de aquisições da Brill para Estudos Medievais e Histórias de Guerra, Kate Hammond, apontou que em dois anos dezenas de bibliotecas acadêmicas em todo o mundo encomendaram o livro de Marika Mägi. A obra pode ser encontrada em bibliotecas de Oxford a Stanford e de Malta à Austrália. O livro foi até encomendado na Nigéria e em cidades como Paris, Berlim, Berkeley e Nova York. A lista é longa.


O "Báltico" também não é realmente o Báltico

É preciso entender no que consiste o Báltico quando se fala dos vikings do Báltico. Existem muitos conceitos errados sobre esta área.


Mägi refere-se ao Finnico Báltico como as pessoas que viviam nos territórios da Finlândia moderna e da Estônia, bem como na parte noroeste da Rússia e uma grande parte da Letônia. Os povos “bálticos”, por outro lado, são etnias bálticas, cujos habitantes foram que hoje é a Letônia e a Lituânia.


Para Mägi, os vikings não são uma etnia. Referem-se mais como uma profissão ou uma atividade, em que alguém ia a uma cruzada como um viking. Como são os soldados de hoje em dia.


Mägi compara os vikings com os cavaleiros que, apesar da localização, compartilhavam os mesmos valores e código de ética. Não havia diferença entre os cavaleiros italianos e os alemães. A etnia não teve um papel tão importante quanto o status social do guerreiro.


Imagem por Marika Mägi.

A influência viking atingiu a costa finlandesa do Báltico por volta do Século VIII. Os guerreiros bálticos se adaptaram à cultura escandinava até o ponto em que era quase impossível distingui-los: joias, armas, navios, assentamentos, portos ...


Os estonianos da Era Viking não tinham a tradição de enterrar os mortos com artefatos, o que faz parecer que não havia muita coisa acontecendo, mesmo que houvesse muitas outras descobertas.


"Você não pode presumir que todas as coisas encontradas na Estônia pertencem a estrangeiros", disse Mägi. "Houve uma mistura cultural".

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Então, por que ignorar a Estônia?

Com todas as evidências, por que tantos arqueólogos, cineastas, escritores e outros fãs da Era Viking deslizam sobre a região báltico-finnica?


Mägi acha que é porque os estonianos perderam o momento. Os vikings se tornaram populares na onda de avaliações nacionais em todo o norte da Europa no final do Século XIX. Os escandinavos começaram a ver os piratas como seus ancestrais heroicos. Muitos livros e peças de teatro foram escritos sobre eles.


Somente após a libertação da União Soviética, os estonianos começaram a falar de suas descobertas sobre o assunto. Isso foi um pouco tarde. Até então, o mundo já havia traçado uma equação entre escandinavos e vikings. A história já estava sendo contada, as lembranças com chifres vendidas e camisetas impressas nas capitais escandinavas. Enquanto isso, estonianos e letões estavam trabalhando duro para reconstruir seus países e identidades.


Ao mesmo tempo, não é útil que os estudos e livros históricos do Báltico sejam frequentemente publicados nos idiomas locais, sendo difíceis para os cientistas estrangeiros seguirem ou encontrarem.


Por que tudo isso importa?

O livro de Mägi lhe rendeu dois dos maiores prêmios de um arqueólogo estoniano: o Prêmio Estatal Estoniano de Pesquisa no campo das humanidades e o Prêmio Anual da Associação de Estudos Eslavos.


"É sem dúvida um evento importante para a arqueologia da Estônia", afirmou Valter Lang, chefe do departamento de Arqueologia e História da Universidade de Tartu. "As pequenas regiões geralmente são negligenciadas, devido ao equívoco de que não há muita coisa acontecendo por lá".


O livro de Mägi tornou fácil para os interessados na Era Viking darem uma olhada no que aconteceu na região do Báltico. A história completa está entre essas capas. "Com base no que temos agora, acho que esgotei todas as fontes para mim", disse ela.


É extremamente difícil para um país pequeno se fazer ouvir, mesmo que a maioria dos países do mundo seja pequena.


Entretanto, poucas pessoas se esforçariam tanto quanto Marika Mägi para se fazer ouvir e contar a história de sua pequena pátria.


FONTE: Estonia World

MÄNNI, Marian. The Baltic Finns were Vikings too, but the world ignores it. Stonia World. Talín, 12 de jul. de 2020. Disponível em: <https://estonianworld.com/knowledge/the-baltic-finns-were-vikings-too-but-the-world-ignores-it/>. Acesso em: 13 de jul. de 2020. (Livremente traduzido pela Livros Vikings)


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