A jornada final do Navio Viking de Oseberg: uma maravilha da engenharia antiga e moderna
- Livros Vikings

- 29 de set.
- 7 min de leitura
A complexa operação para mover o tesouro viking de Oseberg revela os segredos da engenharia naval e da preservação histórica

Índice
Imagine a cena: uma estrutura de mais de 21 metros de comprimento, pesando várias toneladas e com 1.200 anos de idade, move-se a uma velocidade de apenas 25 centímetros por minuto.
Cada milímetro é calculado, cada vibração é monitorada. Não se trata de uma peça de tecnologia moderna, mas de um dos maiores tesouros do mundo: o Navio de Oseberg.
No início deste mês, um feito histórico ocorreu quando essa relíquia viking foi cuidadosamente transferida para sua nova e permanente casa no futuro Museu da Era Viking, em Oslo.
Após quase um século em exposição no antigo Museu do Navio Viking em Bygdøy, a jornada de 106,5 metros para o novo edifício representou o culminar de mais de uma década de planejamento meticuloso.
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Engenheiros, conservadores e especialistas de diversas áreas uniram forças para realizar uma tarefa de precisão monumental. A necessidade era urgente. Com 90% de sua madeira original, o navio tornou-se extraordinariamente frágil.
As más condições do antigo museu, com vibrações e suportes inadequados, já haviam causado fissuras em suas tábuas. O alerta dos especialistas era claro: sem uma intervenção, o navio poderia, com o tempo, desabar sob o próprio peso.
A decisão de construir um novo lar para este e outros navios vikings foi tomada em 2012, e os preparativos para a complexa mudança começaram com o fechamento do antigo museu em 2021.
David Hauer, conservador que supervisiona o projeto desde 2015, resumiu a magnitude do desafio:
O navio Oseberg é vulnerável a vibrações e estresse, e cada detalhe foi cuidadosamente planejado e testado com bastante antecedência.
Durante a operação, que durou mais de 10 horas, o navio foi erguido, transportado com uma folga de meros milímetros das paredes e, por fim, baixado em sua nova galeria, pairando por horas a vários metros do chão em um espetáculo de tensão e precisão.
Este evento histórico não foi apenas uma mudança física, mas um passo crucial para garantir que este ícone da herança viking sobreviva por muitos séculos.
A superioridade tecnológica do navio longo viking
Para compreender a importância de preservar o Navio de Oseberg, é fundamental entender o que ele representa: o auge da engenharia naval de seu tempo. Os homens do norte chamavam suas embarcações de langskip, ou navio longo, e por um bom motivo.
Eram embarcações longas, estreitas e incrivelmente versáteis, que lhes conferiam uma vantagem inigualável nos mares. Mas como essa obra-prima da carpintaria naval viking surgiu?
A evolução foi gradual e engenhosa, partindo de soluções simples:
O tronco primitivo: a primeira "embarcação" foi, provavelmente, um tronco de árvore caído, usado para atravessar rios. A instabilidade levou à criação de jangadas, unindo vários troncos, que, embora estáveis, eram lentas e difíceis de manobrar.
A canoa escavada (dugout): o grande avanço foi escavar o interior de um tronco. Isso não apenas criava espaço para carga, mas também baixava o centro de gravidade, aumentando a estabilidade. Com o tempo, aprendeu-se a alargar o casco aquecendo a madeira com pedras quentes, expandindo sua capacidade.
A adição de tábuas: para navegar em estuários e águas costeiras, era preciso proteção contra as ondas. A solução foi adicionar tábuas às laterais da canoa escavada. Essas tábuas eram sobrepostas, em uma técnica conhecida como casco trincado (ou clinker). As costuras eram vedadas com resina de pinho, tornando-a resistente à água.
O nascimento do navio longo: com a adição de sucessivas tábuas, o tronco escavado original tornou-se a quilha, a espinha dorsal do navio. Essa estrutura, embora flexível a ponto de se contorcer em águas agitadas, era extremamente resistente.
Um dos segredos da durabilidade dos navios vikings era o tratamento da madeira. As tábuas não eram serradas, mas sim divididas a partir do tronco original. Isso mantinha as fibras da madeira intactas, conferindo-lhe uma força muito superior.
Elementos curvos, como as costelas do navio, eram feitos de galhos e troncos que já possuíam a curvatura natural, aproveitando novamente a integridade das fibras. Esta atenção aos detalhes resultou em um navio leve o suficiente para ser arrastado para a praia, mas robusto o suficiente para cruzar o Atlântico.
Sob condições favoráveis, um navio longo viking a vela podia atingir impressionantes 15 nós (cerca de 28 km/h), uma velocidade comparável à de navios de cruzeiro modernos. A remo, as embarcações podiam manter uma velocidade constante de 4 nós (7,5 km/h), cobrindo de 100 a 150 quilômetros por dia.

O Oseberg e o impacto cultural da embarcação viking
Descoberto em 1904 perto de Tønsberg, na Noruega, o Navio de Oseberg é aclamado como o mais belo exemplar sobrevivente de uma embarcação viking. Datado de aproximadamente 820 d.C., era um navio marítimo elegante, ricamente decorado com entalhes de cabeças de animais ao longo de sua proa e laterais.
Visto de frente, ao nível da praia, é fácil imaginar o terror que essas embarcações inspiravam nas populações costeiras da Europa. A visão de dezenas de navios com proas dracônicas no horizonte era um sinal inequívoco de que guerreiros bem-armados estavam a caminho, levando aldeões a abandonar suas casas em desespero.
No entanto, a fama do Oseberg não reside apenas em sua beleza ou no medo que inspirava, mas em seu papel como um navio funerário. O monte funerário continha os restos mortais de duas mulheres de alto status, frequentemente chamadas de "rainhas de Oseberg", juntamente com uma impressionante variedade de bens mortuários.
Foram encontrados trenós esculpidos, tecidos, sacrifícios de animais e itens domésticos, oferecendo aos estudiosos uma visão sem precedentes da arte, da hierarquia social e dos rituais funerários da Era Viking. (Se quiser saber mais sobre os rituais, confira nosso artigo completo sobre funerais vikings).
A tecnologia não se limitava ao casco. As velas vikings eram uma maravilha da engenharia têxtil. Feitas de lã, o processo manual de fiação preservava a lanolina natural, tornando-as repelentes à água.
Fragmentos de velas antigas revelaram que as técnicas de torção do fio e tecelagem variavam em diferentes partes da vela, criando áreas com diferentes graus de elasticidade e rigidez.
Isso dava forma à vela, permitindo que o navio navegasse mais rápido e mais próximo ao vento do que réplicas com velas modernas de dácron. O trabalho para produzir uma única vela era tão imenso que ela era considerada mais valiosa do que o próprio navio.
Preservando o futuro da herança viking: desafios e inovações
A realocação do Navio de Oseberg foi um casamento sem precedentes entre arqueologia e engenharia de ponta. Conservadores trabalharam lado a lado com engenheiros acostumados a plataformas de petróleo do Mar do Norte, especialistas em vibração e operadores de guindastes.
A empresa norueguesa Imenco, por exemplo, adaptou tecnologia offshore para o delicado trabalho de preservação cultural. Este esforço monumental reflete um profundo respeito pela engenhosidade dos antigos construtores navais e navegadores vikings.
Esses marinheiros foram os primeiros a se aventurar deliberadamente para além da vista da terra. Sem bússolas ou sextantes, eles confiavam em um conhecimento profundo da natureza:
A Estrela Polar servia como um ponto de referência fixo para navegar diretamente para leste ou oeste. A altura máxima do sol ao meio-dia permitia-lhes manter uma latitude constante, ajudando-os a retornar ao seu porto de origem.
Eles também usavam métodos criativos, como o capitão viking Flóki Vilgerðarsson, apelidado de "Raven-Flóki" (Flóki dos Corvos), que soltava corvos a bordo. Se a ave não retornasse ao navio, ele sabia que havia terra na direção em que ela voou.
Essa combinação de embarcações superiores e habilidades de navegação notáveis permitiu que eles descobrissem e colonizassem a Islândia, a Groenlândia e, brevemente, L'Anse aux Meadows, na América do Norte. Foi uma demonstração de coragem e confiança que mudou o mapa do mundo conhecido.
Agora, a ciência moderna está garantindo que esse legado perdure. O novo Museu da Era Viking, que abrirá em 2027, não apenas fornecerá um espaço mais seguro, mas também uma experiência de visitação aprimorada.
As novas fundações são resistentes a vibrações e terremotos, e um sistema de controle climático de última geração estabilizará a temperatura e a umidade, criando condições ideais para a preservação a longo prazo.
O Oseberg foi o primeiro a ser movido, mas o Navio Gokstad e o Navio Tune seguirão ainda este ano, juntamente com os delicados trenós do mesmo sítio funerário. A jornada de 106,5 metros do Oseberg simboliza mais do que uma simples mudança; é a salvaguarda de um tesouro cultural, garantindo que as histórias do povo viking continuem a inspirar e fascinar as gerações futuras.
A meticulosa transferência do Navio de Oseberg é um poderoso testemunho da reverência que temos pela Era Viking. Mais do que um simples artefato, este navio é um elo direto com a genialidade, a audácia e a complexidade cultural dos homens e mulheres do norte.
A união da engenharia moderna para proteger uma maravilha da engenharia antiga demonstra nosso compromisso em manter viva essa herança. Mais de mil anos depois de sua construção e mais de um século após sua descoberta, o Navio de Oseberg agora descansa em um lar projetado para garantir que sua saga — e as histórias das pessoas que ele carregou — perdurem por milênios.
Este artigo foi parcialmente criado por Inteligência Artificial (IA). Para mais notícias sobre achados arqueológicos e história, continue acompanhando a Livros Vikings. Somos um portal dedicado a trazer informações históricas e curiosidades sobre a Era Viking. Se você gostou deste artigo, compartilhe-o em suas redes sociais!
Referências
BURSZTYN, Peter. Column: Skilled Viking mariners were first to sail beyond horizon. Barrie Today, 28 set. 2025. Disponível em: <https://www.barrietoday.com/columns/bursztyn/column-skilled-viking-mariners-were-first-to-sail-beyond-horizon-11264215>. Acesso em: 29 set. 2025.
NORWAY’S Oseberg Ship Begins a New Chapter in the Museum of the Viking Age. The Medievalist. Toronto, 24 de set. de 2025. Disponível em: <https://www.medievalists.net/2025/09/norways-oseberg-ship-begins-a-new-chapter-in-the-museum-of-the-viking-age/>. Acesso em: 29 set. 2025.
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Novamente parabenizo todos aqueles que se dedicam a história em geral, parabéns aos pesquisadores, estudiosos, cumprimentos para todos que procuram preservar as informações seja em museus ou em livros. (EUGÊNIO, em 30 set. 2025 / 3a. feira).