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Yule, o renascimento de uma tradição na Vila Viking Brasil

Atualizado: 3 de mai. de 2023

De maneira simplória, o Yule é um festival do neopaganismo nórdico celebrado durante o solstício de inverno e, por si só, esta definição faria obvia sua comemoração junto ao inverno, e é neste ponto, que muitos dos neopaganistas — em especial do hemisfério sul — discordam. Os vikings celebravam o Jól (júl – nórdico antigo) entre dezembro e janeiro (inverno no hemisfério norte), e bastantes neopagãos austrais, talvez por conta do apelo comercial ou pela lógica das festividades cristãs, que têm as datas preestabelecidas, a exemplo de 25 dezembro, tendem a festejar neste período.


Queima da guirlanda, simbolizando o renascimento de Baldur e o recomeço

Há uma corrente, alavancada, principalmente pelos recriacionistas, que busca celebrar o Yule inspirada em seu real significado, tal qual os vikings pagãos celebravam o Jól, mesmo que de outra forma, ainda que pelos mesmos motivos.


No último sábado, 20 de junho (início do inverno no hemisfério sul), a Vila Viking Brasil — com público restrito e com medidas protetivas devido a pandemia de COVID-19 — orgulhosamente realizou o seu primeiro Yule, dentro dos moldes da Ásatrú Vanatrú, uma variação contemporânea das crenças pagãs nórdico-germânicas.


Fachada da Vila Viking Brasil em Juquitiba-SP

Durante a fase pagã da Era Viking, os escandinavos comemoravam por treze dias o Jól, que era fundamentalmente importante em suas regiões, diante dos rigorosos invernos que os acometiam. De grosso modo, o Jól era essencialmente religioso e voltado à fertilidade, e sua similaridade com o Yule moderno, remonta a um resgate cristão, conforme explicou Régis Boyer:

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Jól foi recuperado pelo cristianismo e substituído por Noël. A árvore de natal contemporânea remonta ao julgran nórdico (sueco: pinheiro do jul; norueguês: juletre), cuja origem seria a arvore cósmica de Yggdrasill, símbolo da vida e da fecundidade. Na tradição natalina, os bodes remeteriam a Thor, a árvore a Odin, o varrão a Freyr. James Frazer pontuou a celebrações envolvendo o sacrifício do varrão durante o solstício. Ainda segundo Boyer, outras reminiscências sugerem que o Jól foi uma grande festa sacrificial dos mortos ou do clã: teria sido o momento da passagem da horda selvagem de Odin. O banquete que tradicionalmente se executa nesta ocasião era destinado a criar laços entre os vivos e os mortos. Também neste momento seria celebrado o célebre til árs ok fridar (para um ano fecundo e para a paz, segundo o Gulathingslog 7), que fazia parte das prerrogativas do rei nórdico. (1995 apud Langer, 2015)



Na celebração presidida pelo casal Cintia Leite e Johann Goming (Hidromel Yggdrasill) na Vila Viking Brasil, a purificação e a consagração deram início ao ritual, depois os deuses Odin, Thor, Freyr e Freya foram invocados juntamente com as Dísir e os espíritos da terra, por meio de poemas, canções e discursos. Na sequência foi dado início ao blót — momento em que as oferendas são deixadas aos deuses —, onde os participantes faziam seus agradecimentos e pedidos. Depois houve meditação ativa, sucedida pelos sacrifícios, ali representados pela queima de um bode (de palha) e uma guirlanda (de cipó, galhos e lavanda) — cujo significado é o recomeço de um ciclo e o renascimento de Baldur (Balðr — nórdico antigo). Após a cerimônia, um banquete com os alimentos energizados pelo Yule teve início.


Cintia e Johann preparando a cerimônia

Ao longo dos parágrafos acima, pudemos encontrar as conexões entre o tradicional e o moderno, tais quais a busca pela fertilidade por meio das invocações dos deuses Thor e Freyr, o bode ligado ao Deus Thor, os sacrifícios, os laços entre os vivos e os mortos através das Dísir, além do banquete e a busca de um ano fecundo e de paz, objetivado pelo blót.


A guirlanda e o bode

Segundo o nosso idealizador, Paulo Marsal, as energias emanadas durante a cerimônia podiam ser sentidas, “eu fiquei, literalmente, arrepiado do início ao fim, entrei numa espécie de transe, principalmente durante a meditação... no final do rito, me senti verdadeiramente bem, como se as minhas ‘baterias’ tivessem sido carregadas”, afirmou.


Paulo Marsal e Jarl Balðr durante a cerimônia

Nas horas que antecederam a festividade e no dia seguinte, os trabalhos de construção e ampliação da vila foram a tônica do fim de semana, dentre as realizações estavam as obras da cozinha, a conclusão da plataforma de vigia, além das melhorias na venda da Hersir Store (produtos artesanais). Concomitantemente, os aldeões, por assim dizer, podiam se deliciar com os comes e bebes da Taberna Yggdrasill, fora o varrão servido em uma das grelhas da Vila.


Banquete com os alimento energizados pelo Yule

Para mais informações da Vila Viking Brasil, por favor, acessem www.vilaviking.com.br ou envie um e-mail para: vilaviking@vilaviking.com.br.


por LIVROS VIKINGS


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LANGER, J. Dicionário de Mitologia Nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hedra, 2015, 270p.


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